da escola inclusiva
Convidaram-me, enquanto presidente de Conselho Executivo de uma escola portuguesa, para fazer uma conferência sobre segurança escolar. Já dei uma visto de olhos na papelada e não encontrei o certificado, mas tenho quase a certeza que foi na primavera de 2004. Foi, seguramente, em Óbidos, na Casa da Música, e organizada pela Direcção Regional de Educação de Lisboa.
Quando me telefonaram a fazer o convite, lembro-me de lhes ter perguntado: "Sobre segurança? Porquê eu?". "Porque a tua escola estava mergulhada em indisciplina e em insegurança e hoje tudo isso é mais do que residual". Respondi-lhes: "Como habitualmente, só vou dizer o que penso o que provavelmente não é aquilo que vocês querem ouvir "(também pressentia o que se viria a passar a seguir no sistema escolar (começou a desenhar-se em 2002) de perseguição aos professores, embora nunca imaginasse que fosse tão mau como foi).
Dei um vista de olhos pelos tópicos que utilizei e faço uma síntese:
- participação empenhada em diversos programas que envolveram a segurança na zona envolvente da escola, nomeadamente com os projectos escola segura e malhoa;
- dados todos tratados em sistemas de informação construídos na escola;
- construção e desenvolvimento de um núcleo de comunicação social que produz o website escolar, o jornal escolar e uma página na edição impressa do jornal local com mais audiência;
- eliminação, mas eliminação mesmo, da má burocracia (vulgo papelada) e construção de horários escolares adaptados, mas adaptados mesmo, ao projecto educativo e aos transportes escolares dos alunos;
- trabalho persistente e muito bem preparado ao nível da rede escolar, com a preocupação de reduzir o número de alunos por turma e de encontrar outras soluções de escolaridade para os alunos com um percurso a indiciar abandono escolar;
- ausência de campainhas;
- intervalos das aulas de 90 minutos adequados à conveniência pedagógica e didáctica da responsabilidade de cada professor;
- celebração diária dos aniversários de todos (o nosso quadro de mérito);
- vasos com plantas todos os dias e não apenas nos dias das visitas institucionais;
- papel higiénico, saboneteiras e secadores de mãos em todas as casas de banho;
- regras simples, transparentes e exequíveis para os casos de indisciplina (começou com uma expulsão (embora a rede social não tivesse sido descurada), seguiram-se várias suspensões (em regime sumaríssimo e sempre em articulação com a associação de pais e com os encarregados de educação em causa) com leitura do texto da sanção em todas as salas de aula e em tempo útil, e nos últimos três anos nada disso aconteceu);
- e, finalmente, o mais importante: a escola não é apenas inclusiva para os alunos (honra-nos muito que a DREL indique a escola para os alunos com necessidade educativas especiais) mas é-o também para os professores e para os funcionários (e isso significa confiança, mas confiança mesmo, e respeito pelas pessoas) como fazem as organizações bem sucedidas (mas só o modo como isso se faz dava para outra conferência). Temos todo o cuidado em proporcionar as melhores condições para a realização das aulas e nesta escola só resolve os problemas sozinho quem quer.
Registei o apoio da plateia e um evidente embaraço nos dirigentes que comigo ocupavam a mesa do palco.
(1ª edição em 10 de Maio de 2010)