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Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

novo corte na coluna vertebral

13.06.10, Paulo Prudêncio

 

 

 

(A reedição deste post deveu-se a uma discussão na blogosfera à volta da crítica aos sindicatos de professores, nomeadamente ao que tem milhares de professores sindicalizados incluindo as minhas cotas mensais desde os finais da década de setenta do século passado. Na minha modesta opinião, deveria tratar-se duma discussão de factos e de políticas. Desde logo, da não limitação de mandatos nos sindicatos e da passagem - legal, claro - de dirigentes sindicais fervorosos, e radicais, para as DRE´s e para o governo e o facto de continuaram esse fervor mas ao serviço duma agenda neoliberal. Por que raio de motivo é que se há-de desconfiar politicamente, ou confiar - no meu caso, depende dos dias - dos agentes partidários e não dos sindicais? É isso justo? Pode confiar-se  politicamente assim tão cegamente nos dirigentes sindicais? Estamos a falar de pessoas. Sem elas não há ideologias. E repito-me: os mais cínicos vêem nas ideologias um conjunto de interesses inconfessáveis. Fico triste com algum resvalar da discussão, confesso. Estou nisto do modo que se conhece e nunca num qualquer jogo de alta competição. Sei bem contra o que luto, ou melhor, sei bem o que defendo: a liberdade e a democracia.)

 

Nos últimos dois dias não tive tempo para o blogue. Apenas um ou outro post a replicar notícias que me pareceram relevantes. A meio da semana apercebi-me que havia uma greve marcada para 4 de Março. Achei estranho.

 

Sou defensor da responsabilidade individual e nada dado a estratégias para a movimentação de grandes grupos de pessoas. Normalmente participo nas acções de luta e limito-me a dar a minha opinião sobre os seus efeitos.

 

Os que me conhecem bem consideram-me um diplomata; aprecio a tolerância, não me levo demasiado a sério e ouço os outros com atenção. Mas quando caminho de forma convicta num determinado sentido não oscilo; sei que o tempo acaba por colocar a razão no seu devido lugar. O exemplo e as posições difíceis podem ser impopulares numa fase inicial; mas só isso: numa fase inicial.

 

Quando me parece que uma acção de luta não está a ser bem pensada, não o refiro num espaço assim e faço chegar a minha opinião, se for caso disso, a quem de direito. Não gosto de contribuir para uma qualquer ideia de desmobilização.

 

Considerei o acordo entre o governo e os sindicatos um aperto de mão financeiro (como pode ler aqui ou na rubrica acordos, aqui), assinado fora das salas de aula e sem qualquer intenção de derrubar as invenções técnico-pedagógicas e de má burocracia que asfixiam as escolas e o ensino. E não me venham com o fim dos titulares: isso era mais do que adquirido, com ou sem acordo.

 

Francamente: se os sindicatos consideram que todo o tempo de serviço deve ser contado para a progressão na carreira, que as quotas na avaliação estão a mais, que as alterações no modelo de gestão estão erradas (a única fundamentação que se conhece, pasme-se, é risível e advoga o combate à indisciplina nas escolas), que o modelo de avaliação é incompetente e que só funciona em ambiente de farsa ou fingimento e que os resultados do primeiro ciclo de avaliação têm de ser anulados, então, e obviamente, pergunta-se: assinaram o quê e para quê?

 

Não gosto das teorias da conspiração mas não sou ingénuo. Há aqui muito acerto de posições que esquece por completo a defesa do ensino, do poder democrático das escolas e, por consequência, os interesses dos alunos e dos seus encarregados de educação.

 

Se o filósofo José Gil classificou o entendimento de 2008 como um corte, pela zona dorsal da espinal medula, na justa luta dos professores, o que dirá agora? Um corte na cervical?

 

Esta marcação divide e dá ideia que quem a estipulou está desorientado e não foi capaz de se manter seguro nas posições que dizia defender. É triste afirmá-lo mas é assim.

 

 

 

(Reedição. 1ª edição em 6 de Março de 2010)

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