entupidos com planos
A jornalista Graça Barbosa Ribeiro dá conta, numa peça no jornal Público de hoje, da ineficácia dos planos de recuperação em ambiente escolar que visam o sucesso dos alunos com muitas classificações negativas.
Quem conhece mais este inexequível monstro burocrático, não pode deixar de encolher os ombros com mais uma teimosia da nossa desfaçatez centralista impregnada de má burocracia, que consiste na ideia de desenhar desde a 5 de Outubro a recolha de informação em apenas um ano de 187.638 planos de recuperação e 40.201 planos de acompanhamento.
A apresentação destes números dá um ar de informação tratada, mas sabe-se que é só impressão e um logro quase absoluto. Pensar-se que a partir do topo se pode desenhar uma qualquer terapia deste âmbito e plasmá-la nas milhares de escolas do país, é ignorar que com procedimentos destes sufoca-se as instituições escolares em recolha de informação apenas para arquivo e em mecanismos de desresponsabilização.
E então, dirá o leitor, não há solução?
Claro que há caminhos a percorrer (em muito lados já percorridos) que com sistemática e tempo podem ser bem sucedidos. Combater o flagelo do abandono e insucesso escolares está longe de ser uma tarefa exclusiva da escola; é de toda a comunidade.
Se há que apurar números e estabelecer objectivos - e claro que há -, então pegue-se na organização administrativa do país (sei que Portugal tem mais de quarenta quadros, quando o moderno e razoável seria um) e faça-se um ranking concelhio com os números do abandono, e do insucesso, e divulgue-se.
Não há conselhos locais da educação em todos os concelhos? Que comecem por prestar contas. Faça-se isto todos os anos e durante muito tempo. Avaliem-se os resultados, atribuam-se incentivos e estabeleçam-se programas de apoio aos que vão ficando para trás.
Tem de seguida um resumo da notícia na edição online.
Pode também conhecer, aqui, a opinião do Paulo Guinote sobre o mesmo assunto.
São precisos novos planos para alunos em dificuldades
"Nesta altura do ano lectivo, as escolas preparam-se para estender os chamados "planos de recuperação" a todos os estudantes que até à interrupção das aulas para o Carnaval apresentem indícios de que terão dificuldade em transitar de ano. Em 2007/08 foram quase 188 mil - cerca de um quarto da população escolar do ensino básico - a beneficiar deste instrumento de luta contra o insucesso. Mas isso não significa que ele seja bem-amado por professores, pais e directores de escolas, que reclamam que a nova ministra da Educação, Isabel Alçada, faça uma avaliação rigorosa da sua eficácia.(...)"