keith jarrett
Conduzido pelo ouvido do meu pai, apareceu-me um álbum duplo: branco, com uma foto, em tons de cinza, do Keith Jarrett ao piano, bem no meio da capa.
Foi na loja de discos do “shopping” Brasília (imortalizado pelo Rui Veloso e pelo Carlos Tê, com a “rapariguinha do shopping”), no centro da cidade do Porto, que o meu pai o comprou.
Encomendou-o, nessa época, estes discos da ECM vinham da Alemanha Federal, salvo erro, e avisou-me: "Paulo, encomendei um álbum que vais adorar."
Premonitório. Hoje, embora tenha o vinil por aqui, bem guardado, ouço-o em cd e através do “itunes”.
É um dos álbuns da minha vida. Quanto mais o ouço mais o meu coração o soletra.
Com um piano “apenas” - dizem que estava desafinado - Keith Jarrett leva-nos ao cume. Sem pautas e improvisando durante uma hora, os sons têm uma harmonia incomparável. Lindo de morrer. Se não fosse o que está escrito, pensaríamos que o concerto foi gravado numa sala com uma ímpar acústica e não ao ar livre.
Gravado em 1975, com influências de jazz, soul e gospel, é música que nunca cansa. Emociona-me. Tem intensos momentos de verdadeiro estremeção. Só ouvindo.
Esta publicação é uma reedição: encontrei um vídeo e resolvi partilhá-lo. Não é o original, claro. Mas ouça lá meu caro leitor: são pouco mais de nove minutos.
(o meu querido pai fazia anos a 17 de Fevereiro.
Seriam oitenta e cinco. A pensar nisso...)