as lutas, as vitórias e as derrotas
Sabe-se que quando as lutas são difíceis, os resultados nem sempre se conhecem de imediato e as vitórias podem demorar muito tempo a aparecer. Exige-se paciência associada a uma firme e inteligente determinação. E é bom que se sublinhe que é doloroso suportar os longos momentos em que a vitória é tão aparente que se torna na mais dura das derrotas.
Esta heróica luta dos professores portugueses está ainda longe do período de balanços definitivos mas tem uma conclusão inequívoca: valeu a pena. Conhece-se a derrota "invencível" divisão dos professores, mesmo que agora se fale em contigentes ou constrangimentos à progressão na carreira: o lugar de relevo da sala de aula ficou vincado.
A avaliação do desempenho proposta em Janeiro de 2008 pelo governo foi estrondosamente derrotada. Dois anos depois o que se conhece é uma mistura de farsa e de fingimento com contornos que envergonham qualquer processo que se queira assente em bases profissionais e dignas. Assim, e de forma sumária, até quem não entregou objectivos individuais e ficha de auto-avaliação tem a avaliação assegurada, como era exigido pelas regras mínimas da decência. Os 80.000 mil professores que, e uma semana depois de terem estado 120.000 na rua, foram obedientemente entregar objectivos individuais num processo de salve-se quem puder digno do liberalismo mais selvagem, devem ter matéria para interrogar a sua coerência cívica e quiçá perceber o prolongamento desta agoniante e desgastante batalha e também de algumas imprevistas derrotas num ou noutro dos mais nefastos diplomas. Há resultados para todos os gostos e feitios. Leia, aqui, no blogue do Paulo Guinote, um testemunho muito interessante.
Que tudo isto sirva de lição para o futuro. Os professores portugueses puseram muita gente em sentido cívico e separaram as águas dentro do seu grupo profissional. Ficou bem visível o lado de quem se move por princípios de profissionalidade. O tempo, esse inexorável mestre, lá se encarregará do resto.