breve balanço
A indelével contestação que se verificou nos últimos anos, que nasceu de geração espontânea no horroroso sub-mundo da blogosfera para dar voz ao descontentamento real e fundamentado de milhares de docentes não organizados, foi um período histórico para os professores portugueses. O que se conseguiu é insuficiente; é factual e já se sabia que poderia acontecer assim. Mas está tudo em aberto.
Dadas as circunstâncias, o caminho ainda é longo e difícil. Mas como temos a razão do nosso lado, só nos resta seguir em frente: os factos impõem-se por si e sobrepõem-se às vontades individuais e grupais. A implosão efectiva dos mais nefastos diplomas foi inevitável e só aguardou o estudo dos seus detalhes e das infrutíferas tentativas de aplicação. Já só se vê, nos escombros, o serpentear das manobras de farsa e fingimento.
Quem espera por opiniões unanimes entre os professores, é porque desconhece a génese e o metabolismo das democracias: nem unanimidade, nem tão pouco um desfilar de exercícios carregados de sensatez e do melhor espírito diplomático. Os professores nem são perfeitos nem pensam todos do mesmo modo; e ainda bem. Mas conhecem bem, pelo menos os milhares que estão no terreno, as origens de toda esta revolta. E quando as origens das rebeliões se fundamentam com tanta evidência, as organizações não têm outro remédio senão ir a reboque.
Este é um tempo novo. Daqui por uns anos perceber-se-á os contornos desta sociedade em rede (já há quem acrescente à sociedade da informação e do conhecimento a ideia de democratização) onde não existem "servidores".
O tempo encarregar-se-á de explicar o inexplicável e de pôr a repensar os que se espantaram com a revolta dos professores portugueses.