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Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

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da pedagogia e em busca do pensamento livre

a auto-estima/parte II

21.05.04
carta.jpeg Dividi isto em duas partes. Para além de ter uma explicação para o problema, não me interessava estar, de maneira alguma, misturado com as personagens referidas na parte I. A coisa começou a desanimar, a meu ver, muito antes de 2002. Conhecem aquela ideia, dos cientistas da educação, que diz que a educação de uma criança começa 20 anos antes dela nascer? Aqui o problema é parecido. A diferença, é que neste caso começou dois anos antes, em 2000. Como o governo de então não teve maioria no parlamento, e como o frenesim da oposição era tão descarado, o processo de desânimo teve contornos nunca vistos. Vai daí, demitiu-se o primeiro ministro, coisa também nunca vista num país de lapas ao poder. Entram os novos governantes. Dão os sinais de inquietação que quem recebeu um poder inesperado. Escolhem como estratégia culpabilizar, por tudo e por nada, os seus antecessores. Ora, qualquer Hannah Arendt, Chantal Mouffe ou mesmo Nicolau Maquiavel, lhes explicaria que essa técnica deve ser usada apenas na dose certa. O seu exagero pode provocar uma factura elevadíssima. Atente lá na seguinte história e veja lá se percebe o que quero dizer: na tomada de posse de um lugar de poder, o antecessor deixa ao seu seguinte duas cartas fechadas e numeradas com 1 e 2. Diz-lhe que quando se visse muito aflito e sem saber o que fazer, que abrisse a carta com o número 1. Quando voltasse a ter uma situação de aperto, deveria socorrer-se da carta com o número 2. E assim foi feito. O novato nas funções, quando se encontrou na primeira situação de incompetência, abriu a carta 1 e leu: culpe o seu antecessor. Dito e feito. Nova situação de aperto e o recurso passa a ser a carta número dois que inscreve em arial 36 bold: escreva duas cartas. Se é que me fiz entender, rapidamente se conclui que metade do país entrou de baixa. Mas o padecimento é ainda mais exclusivo. Então não é que a garotice vai ao ponto de excluir 95% dos portugueses. Propala-se uma lei que considera que em cada departamento de uma instituição ou empresa não pode haver mais do que 5% de muito bons e 25% de bons. O resto é para excluir. Só uma gestão imberbe pode ter uma ideia destas. Prova provada que só resulta no primeiro ano e em 5% dos casos. Talvez só se aplique mesmo num governo que tem uma ideia destas. E é assim. Todos sabemos que as políticas inclusivas dão mais trabalho e demoram mais tempo. Todos sabemos que negociar pontos de vista cansa que se farta. Mas quem opta pela oportunidade de modo tão descarado, não pode, depois queixar-se da auto-estima dos excluídos. Os sábios estão de tanga porque os outros vivem para além disso. E, se calhar, alguns riem-se. Ah, desculpe esta coisa das percentagens mas não fui eu que as inventei.

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