desconfiança nos professores e má burocracia
(encontrei esta imagem aqui)
Se se afirmar que 99,99999% das classificações que os professores atribuem aos seus alunos são de boa fé e têm uma fundamentação bastante aceitável julgo que quem o fizer estará muito próximo da realidade; em Portugal e no resto do mundo.
É a partir da não aceitação do princípio que inscrevi que se montou a monumental carga de má burocracia que asfixia o ensino e as escolas. Se considerarmos, como aqui, o sistema escolar organizado em dois blocos - o do ensino e o da organização escolar - deveríamos estabelecer o seguinte: as únicas informações que um professor deve fornecer ao bloco de organização escolar sobre os seus alunos são a classificação e a assiduidade, mas deve estar preparado para em qualquer altura ser avaliado no âmbito do bloco do ensino a propósito de duas escolhas: como avalia os seus alunos e como organiza o planeamento das suas aulas. Tão simples como isto.
O que foi paulatinamente minando os sistemas escolares foi a desconfiança nos professores por parte dos organismos centrais e regionais (e nos países onde têm poderes exorbitantes e descomunais, como em Portugal) que são compostos, em regra, por pessoas que têm horror às salas de aula e pela ideia de que uma classificação negativa tem de estar precavida por uma infernal quantidade de invenções técnico-pedagógicas. Nem uma linha se pede a um professor que atribui a classificação máxima a um aluno - e ainda bem - mas sobrecarrega-se com má burocracia quem atribui uma negativa ou baixa uma nota de um período para o outro. Um coisa de doidos. Enquanto esta desconfiança não terminar, não haverá meio de se restabelecer, em sentido lato, claro, a autoridade dos professores. Em Portugal, esta questão atravessa os partidos políticos todos, tendo mesmo um maior acolhimento nas forças que se situam mais à esquerda.