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Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

componentes da mistificação

20.12.10, Paulo Prudêncio

 

 

 


 

 

 

A ideia de introduzir quatro dimensões na avaliação de desempenho dos professores foi o primeiro passo para garantir a descomunalidade da coisa. Como o relatório do Conselho Científico veio comprovar  - e refiro este facto para não me acusarem de uma qualquer parcialidade -, a avaliação deve centrar-se na dimensão ensino e aprendizagem.

 

As outras três dimensões - social e ética, participação na escola e relação com a comunidade e desenvolvimento profissional - fazem parte do exercício profissional dos professores, mas contêm um conjunto de indicadores que são imensuráveis, mais ainda num modelo que instituía uma pontuação assente em descritores quantitativos.

 

Com a redução decretada em Janeiro de 2009, a dimensão ensino e aprendizagem passou a integrar a componente científico-pedagógica e as outras três dimensões a componente funcional.

 

É, portanto, no chamado "perfil funcional" do professor que se joga toda a polémica conceptual: o primeiro patamar, digamos assim. Há quem entenda que se deve avaliar e certificar a carga de má burocracia que asfixia os professores e as escolas, que é aquilo que na minha óptica está na base do "eduquês" e no que o blogue de Ramiro Marques sublinha aqui. E depois há quem entenda que a avaliação dos professores se deve localizar na sala de aula e no ensino. Concordo com a segunda asserção e o relatório do Conselho Científico também.

 

Mas o mais grave no "reduzido" em vigor é que os professores que não solicitaram a menção de excelente ou de muito bom são apenas avaliados na componente funcional. Uma barbaridade e uma impossibilidade, como se pôde comprovar.

 

Em coerência, digam lá: auto-avalia-se o quê do modelo em curso? Mesmo nas escolas onde aconteceu alguma coisa, o modelo tem seis meses de exercício. Mas se todos concordamos que a componente funcional é imensurável, auto-avalia-se o quê também aí do modelo em curso? Deve o governo seguir, no mínimo, o relatório do Conselho Científico que nomeou e suspender a farsa que criou. Baste de prolongar esta dolorosa mistificação.

 

Para os mais interessados, reeditei, aqui, um post sobre o assunto que escrevi no ano passado.

 

 

 

(1ª edição em 22 de Junho de 2009)

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