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Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

primeira nota

07.06.09

 

 

(encontrei esta imagem aqui)

 

 

 

Nesta alturas só me apetece festejar. A luta dos professores tem sido extremamente difícil e conheço muitos professores que têm lutado de modo isolado e muito corajoso nas suas escolas; é a esses que presto a primeira homenagem.

 

Hoje estou a viver um dia inesquecível. Recordo-me, e embora reconheça o alcance muito menor do momento presente, a vitória histórica de B. Obama. Passei uma madrugada de olhos bem emudecidos a ver imagens que recordarei para sempre. Na altura, alguns dos mais sofisticados e cépticos alimentavam alguma apreensão com o futuro. Não me importei com nada disso. O tempo encarregar-se-á de avaliar o comportamento do 44º presidente dos Estados Unidos da América. Foi lindo, histórico e isso chegou-me.

 

Hoje, sei que os professores venceram uma pequena parte da sua justa luta em Portugal. Deram um forte contributo para esta primeira derrota das políticas Educativas deste governo. Nem me interessa quem ganhou as eleições por aqui - não foi com o meu voto - ou pela conservadora Europa. Aliás, no nosso país perderam as políticas de direita praticadas por um partido político que se legitimou como uma força da esquerda democrática. Só que depois fez o que se sabe e nem tudo foi em nome de qualquer agenda de contenção financeira. Na Educação perpetrou um ataque sem precedentes ao poder cívico e democrático das escolas; é principalmente contra isso que luto e que lutarei.

 

Resta ao que sobra de esquerda no partido que suporta o actual governo tirar as sua ilações. Como é que isso se faz?

 

Voltando às homenagens. São tantos os que quero recordar que tenho receio de esquecer algum. Todavia, sei que todos estaremos de acordo se salientar dois enormes lutadores que fizeram da web 2.0 o seu mais poderoso argumento. Faço-o, linkando as suas primeiras entradas alusivas a este momento. Subscrevo ambas e significo-lhes o mais fraterno dos abraços.

 

Paulo Guinote aqui. (Yes, I Think, we can)

 

Ramiro Marques aqui. (Os derrotados e os vencedores)

 

Bem hajam. Parabéns a todos os resistentes e viva a liberdade e a democracia. A luta continua e a sinfonia completar-se-á em breve.

8 comentários

  • Ok Rui.

    Já vi que não festejas.

    Não te esqueças que o candidato europeu do partido do governo, e depois de passar estes últimos anos a desancar nos professores, disse, em plena campanha eleitoral europeia, pasme-se, que as políticas da Educação em Portugal eram uma profunda revolução. Os professores só podiam castigar isso (e mais umas coisas, claro) e nada os deve preocupar a propósito do lucro eleitoral de quem quer que seja. A menos que se abstivessem ou votassem em branco. A votar, tinham de votar em algum partido. Ou o que é que querias? Não percebo. Alguém tinha de ganhar. E em Portugal só podia ser quem ganhou ou o partido do governo. Talvez um dia seja diferente e esses partidos até se diluam num só. Não sei. Mas os professores sabem bem quem os defendeu com informação e convicção.

    Posso concordar que estas eleições não são nacionais. Mas tb sabemos que cada vez mais as coisas se misturam: o que se decide na europa influencia o que se passa por aqui. Nesse sentido, os professores portugueses tinham de derrotar pelo voto, já que de outro modo nem ouvidos eram pelo partido do governo, a agenda de direita deste governo na Educação.

    Tenho ideia que os governos ditos de esquerda perdem tanto voto por terem cavalgado a agenda de direita que faliu há pouco tempo. E isso é trágico mas tb uma grande lição. O mundo está a mudar muito e a europa teima em querer mudar. Obamania é outra coisa e não aquilo que o actual governo tem feito em Portugal: vazio de sonho e com total desprezo pela poesia. Teve o que merece.

    "mas eis um voo retórico acrobático e eminentemente equilibrista que só se explica por uma fome, compreensível mas empírica, de festejo, que não partilho". Rui, podes não partilhar, mas, e muito francamente: voo retórico acrobático e eminentemente equilibrista por fome de festejo? Conheces-me bem e sabes o que me move. Até nem sou muito dado a festejos. A força da razão que julgo que me acompanha e nada mais. Tem sido duro e temos direito a um festejo democrático. Merecemos isso. Amanhã é outro dia e a antiga e longa luta continua em defesa da escola pública.

    Tb não gostei dos resultados europeus.

    Sei que é duro ser oposição. Será mais duro ainda olhar para o país onde se vive e pensar que seremos oposição até morrer. Todos temos a veleidade de querer fazer e construir e até podemos ter a pretensão de pensar que o fazemos melhor do que outros.

    Temos o que é possível e fazemos o que está ao alcance de cada um de nós.

    O bloco elegeu 3 deputados? É seguro. Não conheço o tal de Tavares (leio sempre as suas boas crónicas no público) e espero que se divirta.

    Abraço e força aí.




  • Sem imagem de perfil

    Rui

    08.06.09

    "Ok Rui. Já vi que não festejas." (que fazer com isto?)

    Enfim...

    Aquilo que enuncias nada tem a ver com a constituição do Parlamento europeu. E é só disso que falam estas eleições. Não estes resultados. A Europa conservadora que tinha já a maioria do Parlamento Europeu, saiu muito reforçada. Foi só isso que aconteceu. Nada mais releva. Toda a Europa conservadora se celebra. A Europa que rejeita casamentos homossexuais, a Europa que acha a Educação sexual uma coisa maluca, a Europa que prefere o nuclear à falta de melhor, a Europa que perdeu opositor a Barroso, a Europa dos off-shore que têm de acabar excepto se e quando, a Europa Echelon, a Europa do "aborto ou sim à vida?", a Europa berlusconi orgíaca e sarkozy showbiz, essa é a Europa que ganhou. A luta dos professores não passa de um epifenómeno conveniente que esta gente vencedora saberá num momento manipular e noutro ignorar devdamente. Foguetório de quintal. O desfecho pode ser inevitável, mas nunca feliz. É o mesmo que se sente quando a nossa equipa joga pessimamente e empata com alguém que joga ainda pior.

    Seguem-se os festejos. Mas... entre quem?
  • Sem imagem de perfil

    Vasco Tomás

    08.06.09

    Ainda bem que há quem, como o Rui, não confunda a árvore com a floresta. Só o vício do nosso atávico e bacoco provincianismo pode legitimar a celebração de qualquer vitória, porque é toda a Europa que vestiu a mortalha da sua condenação às políticas neoliberais recauchutadas, tornando mais difícil o seu ressurgimento.
    Também nem sequer o Bloco de Esquerda pode cantar vitória, se o seu deputado eleito se ficou a dever à sangria do Partido Socialista. Pois só os eleitos socialistas por toda a Europa podiam efectivamente barrar o caminho à vitória dos conservadores no PE. Não foi o que aconteceu, ficamos todos mais pobres.
  • Compreendo tudo isso e respeito quem pensa assim Vasco. Mas tb compreendo e respeito muito os professores que estiveram anos a lutar de forma dura e muito convicta contra estas políticas e que olhem para a derrota do partido do governo com uma imensa satisfação: e isso é independente do que se passou na Europa e mesmo de quem ganhou as eleições por aqui: uma coisa de cada vez.
    Só o vício do nosso atávico e bacoco provincianismo nos pode impedir a festa: carregamos o fardo da culpa para a toda a vida e não temos direito à celebração?

    Vasco: por muito que pareça custar a tanta gente os professores portugueses (não os tais 12000 das manifs e afins) festejam uma pequena vitória, é certo, mas uma vitória. E depois de anos a vencer sem aparentemente o fazer e contra tudo e quase todos, que raio: nem um momento de catarse?


  • Sem imagem de perfil

    Anónimo

    08.06.09

  • Sem imagem de perfil

    Anónimo

    08.06.09

    Um começo, um Não ao Sócrates e à Marilu, são bons indícios de mudança. Paulo, percebo-te bem mas tb percebo o Rui e o Vasco!
  • Tb eu e julgo que já esclareci a minha posição. Direito à festa, só isso. Foi justa e merecida. Depois há os outros patamares de análise que tenho repetido até à exaustão: alguns, pelo menos.

    O partido do governo estava à espera de quê? Qual era a alternativa para os eleitores portugueses? Como é que fariam para votar diferente?
    Como?

    Vi catarse e muita emoção. E compreendi isso muito bem. Quando há 4 anos, e nas mesmas eleições e com a mesma abstenção. o partido do governo teve mais 18% dos votos os eleitores eram uns sábios.

    Enfim.
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