vergonha e ponto final
(encontrei esta imagem aqui)
Levei pouco tempo até começar a detalhar o que pensava sobre o modelo de escola a tempo inteiro porque constatava, todos os dias, o tipo de sociedade que estávamos a edificar.
Tomei desde cedo uma posição contrária à ideia centralista de impor um mesmo modelo de escola total para situações diversas: desde o subúrbio duma área metropolitana até a uma pequena ou média cidade ou à mais pacata das vilas deste pequeno país - com tantos habitantes como quase órgãos de gestão para os diversos sectores e nos diversos patamares da organização do território -.
Mas hesito sempre em escrever sobre este assunto por pudor: também não gosto da mediatização dos problemas da disciplina escolar como me envergonho quando os professores põem a circular textos escritos pelos seus alunos onde os erros, gramaticais, por exemplo, abundam.
A situação actual no que à guarda dos nossos petizes diz respeito é vergonhosa e tem de ser denunciada. O opróbrio é de tal ordem que nos deveria envergonhar a todos. A questão tem uma simples formulação: não sabemos o que fazer com as nossas crianças.
As famílias têm os filhos e depois contam os minutos em que "têm de aturar os miúdos". Sabemos das excepções e de quem sofre com o facto de não dispor de mais tempo para a miudagem; mas são isso mesmo, excepções. A regra é a desresponsabilização: das famílias e da sociedade.
Alguém coloca como central a ideia de discutir a organização do trabalho de modo a que as famílias passem mais tempo com as suas crianças sem as "armazenar" das 08h00 às 20h00?
Não. Nem uma palavra.
Um silêncio conivente e ensurdecedor.