exemplos e demissões
Chegou-me por email e fui ler a notícia a propósito da demissão do ministro da Justiça do actual governo de Espanha.
Depois de a ler, dei comigo a pensar: seria isto possível em Portugal (ou mesmo uma coisa parecida)? Tenho sérias dúvidas; e lamento que as tenha.
Ora leia.
Ministro espanhol da Justiça demite-se após escândalo
23 FEV 09 às 13:55
O ministro espanhol da Justiça anunciou, esta segunda-feira, a sua demissão depois das críticas que lhe foram dirigidas por causa da gestão que fez de um escândalo de corrupção e da recente greve de juízes no país.
«Não posso tolerar o que está a ser feito contra aqueles de que estão a trabalhar pelos ideais do governo socialista», afirmou Mariano Fernandez Bermejo, que será substituído no seu cargo pelo actual secretário de Estado para as relações com o parlamento, Francisco Caamaño.
Bermejo tinha sido fortemente criticado, em particular pelo principal partido da oposição, o Partido Popular, por se ter juntado ao juiz Baltazar Garzon numa caçada no mesmo fim-de-semana em que o magistrado instruía um processo por corrupção que envolve elementos do PP.
Para esta demissão terá também contribuído o facto de o presidente do Congresso, José Bono, e o líder do Partido Socialista Basco, Patxi Lopez, também terem afirmado que esta caçada não tinha sido bem vista pelo PSOE, que ocupa o poder em Espanha.
Antes, o líder do PP, Mariano Rajoy, tinha reclamado a demissão de Bermejo, ao acusá-lo de instrumentalizar a justiça contra a direita, em plena crise económica e a alguns dias das eleições regionais em Espanha, marcadas para domingo.
O primeiro-ministro espanhol, José Luis Rodriguez Zapatero, já tinha reafirmado a sua confiança no seu ministro da Justiça, tendo acusado o PP de procurar desviar as atenções da opinião pública para os graves problemas internos do partido.
Nessa altura, Bermejo tinha assegurado que não se iria demitir, uma vez que alegava que tinha aceite o seu cargo, «não por questões pessoais», mas por um projecto que iria defender «até ao fim».
O até agora ministro da Justiça sublinhou que tinha sido uma coincidência ter-se encontrado com Baltasar Garzon nessa caçada na Andaluzia e tinha reconhecido que tinha cometido um erro de julgamento e que não tinha uma licença apropriada de caça.