a propósito da ideia de escola cultural
(encontrei a imagem aqui)
A propósito da ideia de escola cultural fiz um comentário noutro blogue que resolvi transformar em entrada por aqui.
Escrevi assim:
A febre reformista no sistema escolar em Portugal não é nova: é mesmo imparável. O que é engraçado, e com o passar do tempo, é que vemos recuperar ideias antigas como se de grandes novidades se tratasse. Parece mesmo um percurso circular.
Uma vez, algures em 1998, escrevia uns textos para uma revista sobre educação e o coordenador pediu-me que inscrevesse algumas ideias sobre o assunto. Lembrei-me dos remédios. Fui ler a literatura do “Benuron” - medicamento para todas as dores e para todas as maleitas gripais e constipais - peguei no seu modelo organizativo e fui andando. Foi uma noite bem passada.
Sobre a escola cultural ficou assim:
Escola cultural.
Registo da patente: não tem a patente registada, mas podemos considerar o ano de 1984 como o momento da sua divulgação em Portugal.
Composição: práticas culturais intensivas; hábitos culturais com elevado grau de contágio; resumos concentrados do manual tudo é cultura.
Indicações terapêuticas: estimula, de forma irreversível, os apetites culturais de toda uma nação em apenas meia geração; estimula a ideia que a produção cultural requer apenas 10 por cento de esforço e 90 por cento de inspiração;
Contra-indicações: cria a sensação de que tudo é mesmo cultura; tomado nas doses certas, pode provocar, anos depois, o aparecimento de incómodas erupções cutâneas com o nome científico de músicas de uma nota só (outros investigadores optaram pela denominação pimba).
Precauções especiais de utilização: só pode ser vendido mediante receita médica; só deve ser receitado após, o suposto utilizador, ter frequentado 254 colóquios, 367 seminários e ter obtido 196,45 unidades de crédito devidamente certificadas pelo conselho científico de uma qualquer faculdade da universidade técnica de Lisboa.
Prazo de validade: não se chegou a estabelecer.
Têm mais remédios se clicarem no link que se segue:
http://correntes.blogs.sapo.pt/47124.html