E a luz dos astros?
As sociedades polarizaram-se e ampliaram os fanatismos e as necessidades de pertença: somos os melhores, somos os primeiros, os nossos primeiro e por aí fora. Há um número inédito - de pessoas e de factos - de fantásticos, de excelentes e de históricos. A pressa pela notoriedade é instantânea e excessiva. Desconvoca a humildade. Passada a euforia, instala-se a frustração que gera mais polarização. Eleve-se o vagar. Aliás, a observação, e a passagem do tempo, recomenda repetir a seguinte lição:
"Uma lâmpada cheia de azeite vangloriava-se,
uma noite, perante os que passavam ao pé de si,
que era superior à estrela da manhã,
pois projectava uma luz mais forte que todas.
De repente, sacudida por um sopro de vento
que se levantou, apagou-se. Alguém, que a reacendeu,
disse-lhe: "Brilha, mas deixa-te estar calada, ó lâmpada;
a luz dos astros, essa, não morre".
Bábrio
Antologia da Poesia Grega Clássica (2009:465).
Tradução e notas de Albano Martins.
Lisboa, Portugália Editora.