As Greves e o Cilindro de Ciro
Este post é de 29 de Fevrereiro de 2020.
Os professores ainda não recuperaram todo o tempo de serviço nem beneficiaram duma qualquer mudança nas políticas mais nefastas. Há, apesar do desânimo e da saturação, e muito naturalmente, uma atmosfera de revolta contida. Por exemplo, os professores mantêm uma longa greve ao sobre-trabalho (GST) que não inclui as actividades lectivas mas que coloca ruído na engrenagem que escapa à mediatização. É uma espécie de sinal de vida, depois de erros relevantes da plataforma de sindicatos na última década e meia (e dos sucessivos Governos que, com promessas vãs, excessos ideológicos ou preconceitos classistas, desacreditaram o valor democrático do sindicalismo). E se vão longe os tempos em que os radicalismos remetiam os não grevistas para uma "declaração" de renúncia às possíveis conquistas (até porque na difícil actualidade a generalidade das greves têm correspondido, efectivamente, a rituais vazios de resultados) também se sublinha o respeito pela adesão à GST. Parece pouco e óbvio, mas merece destaque. É que algo de muito preocupante estaria a suceder se não se respeitasse direitos adquiridos e fundamentais que exigiram lutas determinantes. E é oportuno recordar ao Governo o uso injusto de um cilindro sobre um grupo profissional. Aliás, já em 539 a.C, um cilindro, o Cilindro de Ciro, inscreveu uma declaração (um dos mais antigos documentos dos direitos humanos), do rei persa Ciro II, centrada na figura do "rei justo e humano que permitia ao povo viver em paz" e que depôs o rei Nabonido por ser um "ímpio opressor do povo da Babilónia".
Nota: encontrei na internet a imagem do Cilindro de Ciro.