Dos Cafés e Da Ideia de Europa
"A Europa é feita de cafetarias, de cafés. Estes estendem-se do café lisboeta preferido de Fernando Pessoa aos cafés de Odessa frequentados pelos gangsters de Isaac Babel. Estendem-se dos cafés de Copenhaga, diante dos quais Kierkegaard passava durante as suas pensativas caminhadas, até aos balcões de Palermo. Não há cafés antigos nem característicos em Moscovo, que já é um subúrbio da Ásia. Muito poucos em Inglaterra, depois de uma breve moda durante o século XVIII. Nenhum na América do Norte, exceptuando no entreposto francês que é Nova Orleães. Desenhe-se o mapa das cafetarias e teremos uma das marcas essenciais da "ideia de Europa"," escreve George Steiner (2017:25) em "A ideia de Europa".
Nas Caldas da Rainha também há um muito interessante Café Central, espaço de décadas de tertúlias, que, como se vê na imagem devidamente autorizada, tem um belíssimo painel de Júlio Pomar. Como diz quem designa o tempo vigente como o Século da Solidão, o regresso aos cafés e cafetarias e, de resto, ao convívio presencial é um dos grande desafios do pós-pandemia e da própria democracia.