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Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

Do Tamanho Das Turmas

09.12.21, Paulo Prudêncio

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revisão de literatura (já antiga e centrada nos EUA) sobre o tamanho das turmas promovida pela organização "Teresa e Alexandre Soares dos Santos – Iniciativa Educação", registou alguma discussão à volta daquela tendência de martelar os números para que eles se aproximem do que pretendemos.

E lembrei-me da célebre "se acha que a educação é cara experimente a ignorância". A frase de Derek Bok, antigo reitor da Universidade de Harvard, tornou-se mais verdadeira com o passar do tempo.

Agora, compete a cada país escolher.

Peguemos em dois exemplos: Nuno Crato, que ao que saiba nunca leccionou no não superior e foi um legislador de turmas numerosas com base em estudos como o apresentado, disse à SIC, em 15 de Junho de 2013, que "uma turma com 30 alunos pode trabalhar melhor do que uma com 15: depende do professor e da sua qualidade”; William Golding, Nobel da literatura e professor no 1º ciclo durante três décadas, disse à RTP2, em 1983, que “com 30 alunos não há método de ensino que resulte, mas com 10 todos os métodos podem ser eficazes.”

Do Híper que Adoece Professores e Outros Profissionais

09.12.21, Paulo Prudêncio

Seria moderno e sensato que o Ministério da Educação, que licencia o software, e sempre que cria uma lei que exige dados de alunos (casos do sucesso, da flexibilização e da inclusão), indicasse às empresas a "nova" informação a obter nas plataformas digitais.

1ª versão publicada em 4 de Novembro de 2018.

Os estudos mais diversos repetem a conclusão: "os professores são vítimas de uma organização de trabalho que os adoece". Mas, e estranhamente, não há um relatório dos serviços centrais (direcções-gerais e avaliadores externos) do Ministério da Educação que o detecte e nem sequer os governantes o identificam; bem pelo contrário. São, aliás, dois híperes (a hiperburocracia e o emergente hiperagrupamento de escolas) com uma bactéria comum.

Recorde-se que escolas e agrupamentos pagam licenças a empresas para a gestão de diversas áreas onde se incluem os dados dos alunos. Seria moderno e sensato que o ministério da educação, que licencia o software, e sempre que cria uma lei que exige dados de alunos (casos do sucesso, da flexibilização e da inclusão), indicasse às empresas a "nova" informação a obter nas plataformas digitais. Como não o faz, as escolas e agrupamentos entram, como mais ou menos "criatividade", numa infernal circulação por email de ficheiros excel e word que origina uma doentia repetição de dados, de inutilidades e de reuniões de agenda repetida. É uma patologia que é ainda inúmeras vezes impressa. Ou seja, as ciências da educação ignoram os princípios elementares das ciências da administração e dos sistemas de informação e são posteriormente certificadas pelos registos info-excluídos dos avaliadores externos.

Por outro lado, foram esses serviços centrais que projectaram há mais de uma década a imposição de um (híper)agrupamento de escolas por concelho. Parece que estão perto de o conseguir. Sublinhe-se que o modelo que "gere" as escolas foi testado e desaconselhado já no século passado. Apesar de desenhado para uma escola, os serviços centrais impuseram-no (agrupando a eito dez, vinte ou trinta escolas das mais variadas tipologias) ampliando o fenómeno da hiperburocracia. Mas quem ler os relatórios dos avaliadores externos sobre uma amostra dos agrupamentos que existem, convence-se que tudo funciona entre a perfeição e o paraíso e mais se atreve ao aumento da escala de mega para híper; e sem alterar o modelo e com a municipalização como meta.

A sobrevivência implica olhar para os híperes com o desenho de Picasso - "ainda há vida com uma guitarrra" - e pensar como Goethe: "todos os dias devemos ouvir uma canção, ler um bom poema, ver uma pintura de qualidade e dizer palavras sensatas". Cumpri os dois últimos e vou atrás dos restantes.

 

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Obtive esta imagem do "Still life with guitar",

de Pablo Picasso,

no Albertina museum em Viena.