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Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

Um deputado do PS mente sobre os professores

30.11.18, Paulo Prudêncio

 

 

 

Na declaração de voto, o deputado Paulo Trigo Pereira, do PS, mentiu no recente debate sobre o orçamento. Depois de mais de um ano de intensa discussão, até custa a acreditar que alguém diga que os sindicatos de professores reivindicaram retroactivos em relação aos anos de congelamentos que superariam a última antecipação do pagamento ao FMI: oito mil milhões de euros. É fazer as contas. Mas leia o tal deputado:

"(...)“Importa sublinhar que os sindicatos reivindicam retroativos relativamente a todos os anos que as carreiras estiveram congeladas. Em nosso entender, o descongelamento já é um progresso, sendo que a verdade é que a questão dos retroativos não consta do programa do PS ou do programa do Governo, sendo algo injusto relativamente a outras carreiras atendendo, designadamente, ao facto de a progressão dos professores ser mais rápida que a existente no plano das carreiras gerais”, nota o deputado, na sua declaração de voto.(...)"

Lisboa será a Silicon Valley da segunda era da internet?

30.11.18, Paulo Prudêncio

 

 

A Blockchain - a tecnologia blockchain é denominada como "o protocolo da confiança" - é uma actividade a seguir com atenção. Segundo o seu guru, Don Tapscott, "Lisboa tem uma grande oportunidade de se tornar a Silicon Valley da segunda era da internet”.

 

"(...)É possível que a blockchain seja bem-sucedida, mas a bitcoin — com as suas desvalorizações recentes — seja uma bolha condenada ao fracasso?
A bitcoin vai sobreviver. A correção atual no seu preço é normal e natural. A blockchain, no entanto, pode constituir os alicerces de um novo modelo empresarial, do governo do século XXI, da prosperidade, ciência, das lutas contra as alterações climáticas e democracias mais robustas, para dar alguns exemplos. Posso estar errado, mas tenho apontado as grandes mudanças tecnológicas desde os anos 70 e ainda não me enganei."

"O próximo substituto do professor"

29.11.18, Paulo Prudêncio

 

 

Contributo de Mário Silva recebido por email.

(ainda noutro dia ouvi quem se conformava com o facto dos filhos adolescentes - 12 e 14 anos - serem youtubbers. Pelo que percebi, não gostam da escola - e pensam, entretanto, deixá-la - e já têm rendimentos financeiros que me surpreenderam.)

 

"Em tempos longínquos, além do trabalho curricular na sala de aula, várias vezes proporcionavam-se debates espontâneos sobre a sociedade (cultura, economia, política, etc.), de tal modo, que ainda hoje esses antigos(as) alunos(as), adultos no mercado de trabalho, recordam-se particularmente desses momentos; ouviram e não esqueceram.

Com as catastróficas transformações pedagógicas que entretanto ocorreram, esses tempos extinguiram-se, e com as profundas alterações tecnológicas e sociais, as gerações seguintes têm outra postura na sala de aula: não se interessam por temáticas que não sejam lúdicas. Por isso, foi com estupefacção que esta semana os alunos do 3º ciclo falavam recorrentemente sobre o artigo 13 da diretiva da UE, e perguntavam a opinião aos profs (esse artigo tem sido polémico porque põe em causa a liberdade de informação na internet). Obviamente que se questionou como é que raio sabiam dessa coisa do artigo 13; e a resposta foi que "um youtuber publicou um vídeo sobre isso e como não sabíamos o que era fomos pesquisar".

“Quer dizer, se fosse um professor a falar isso na aula, quando saíssem da sala já tinham esquecido, mas como foi um youtuber, não se esquecem”, comentou o professor para a turma.

“Claro, os alunos não estão interessados no que os profs dizem e por isso não ouvimos, mas os youtubbers são mais interessantes”, foi a resposta pronta de uma aluna, com a anuência da generalidade da turma.

E deste modo ficou esclarecido que os youtubers serão os substitutos dos profs, já que são mais eficazes na captação da atenção da miudagem...

Outra consequência grave, é a desvalorização completa da escola, como instituição formadora de futuros cidadãos adultos produtivos, já que levanta-se a questão de como convencer para a importância da formação educativa quando se pode ser youtuber com tremenda facilidade e sucesso garantido, sem ter de se sujeitar ao trabalho de estudar durante anos...

“Wuant, um dos mais influentes youtubers, a facturar mais de um milhão de euros por ano, como divulgou o Dinheiro Vivo no início de 2018.

Em casa de Sandra Marques, na zona de Leiria, o vídeo de ontem caiu que nem uma bomba. Maria, a filha de 11 anos, "chorou baba e ranho, ficou em pânico porque o Youtube ia acabar, porque o canal do Wuant ia fechar. Ela segue-o religiosamente, tudo o que ele diz é lei, e obrigou-nos até a ir pesquisar sobre o art.º 13, de que nunca tínhamos ouvido falar". Enfermeira de profissão, a mãe habituou-se a ver a filha muito mais ligada ao YouTube do que à televisão, ao contrário do que acontecera com o filho mais velho, agora com 16 anos. "Ela e as amigas também querem ser youtubers, porque tudo aquilo que eles lhes mostram é uma vida boa, em que o trabalho é prazer, é filmar e fazer paródias na internet, ganham todos imenso dinheiro e é como se estivessem sempre de férias", acrescenta.

Um dia antes o youtuber português tinha publicado um vídeo em que mostrava aos fãs a sua casa nova, que divide com a namorada, a (também) youtuber Owana. É o sonho de qualquer criança: espaços grandes e luminosos para jogar, ecrãs gigantes, máquinas de pipocas, de waffles e sumos. Uma piscina, terraço com bela vista, a vida que qualquer miúdo gostava de ter.” DN
 
(fonte:

as equiparações dos professores

27.11.18, Paulo Prudêncio

 

 

Para o Expresso, a questão coloca-se assim: "Touradas, combustíveis e professores: o que está a mudar (ou não) no Orçamento"; ou seja, e considerando a formulação verdadeira, não será financeira a razão da não recuperação do tempo de serviço dos professores, uma vez que o IVA das touradas é uma gota. A não ser que a jornalista tenha uma qualquer informação privilegiada que explique o alargamento do conceito de tourada a uma boa parte da vida económica, social e política.

Não somos Parvalorem

26.11.18, Paulo Prudêncio

 

 

 

Foi em Fevereiro de 2014 que se mediatizou a Parvalorem.SA, criada para "nacionalizar" o BPN, por causa da intenção de venda dos Miró. Como o nome sugeriu, foi uma espécie de "façamos os populares de parvos". Quatro anos depois, a versão usa os professores:

 

"Marcelo só decide sobre professores depois de analisar Orçamento. Questão vai ser de novo analisada pelo Conselho de Ministros. E Belém já fez saber que só analisará diploma aprovado pelo Governo depois se ter pronunciado sobre o novo Orçamento de Estado."

Por que é que reprovam tantos alunos?

25.11.18, Paulo Prudêncio

 

 

 

Quem lê o relatório "Estado da Educação 2017" do Conselho Nacional da Educação (da Educação, sublinhe-se) conclui que a culpa por reprovarem tantos alunos está na escola. E o debate à volta dos números elevados, e eternos, do insucesso e abandono escolares (3 crianças em cada 100, logo no 2º ano) apontou a causa que originou a perplexidade de muitos: organização do 2º ciclo. O CNE nunca debate a educação não centrada na escola e é uma pena. Portugal tem, e como alguém disse, uma "escola transbordante".

Se não se discute a educação por falta de temas modernos, podemos ajudar. Perceba-se porque é que especialistas das empresas de Silicon Valley escolhem escolas que não usam computadores e afins antes dos 13 anos e eliminam as tecnologias das funções de babysitter. Sublinham os efeitos negativos nas aprendizagens nucleares e duas supressões: tempo com as crianças e "brincadeiras de rua". Por outro lado, Paddy Cosgrave, da Web Summit, salientou as vantagens para a sua equipa (e surpreendeu os arautos da selva laboral) num contrato de dez anos com Lisboa: "construir uma carreira e estabilizar a vida". Ou seja: crianças viciadas em tecnologias e pais precários, com muita mobilidade ou sem tempo, comprometem dois factores educativos decisivos: aprendizagens essenciais e crianças-não-agendáveis com direito à lentidão. E depois há aquele flagelo, também eterno e indiscutível, de 2 milhões e meio de pobres em 10 milhões de habitantes.

Claro que continuam as turmas com três dezenas de alunos e o afunilamento dos currículos e dos ambientes organizacionais. Mas até isso é invisível para o CNE. Já agora, e tergiversando ligeiramente, o "novo" CNE identificou de entrada (2016) que "(...)entre as tarefas que desviam os professores da sua “missão essencial”, figuram “a sobrecarga de reuniões e de múltiplas tarefas de natureza burocrática”(...)que as condições dos docentes tornaram-se mais difíceis(...)registam-se mais processos de stress e burnout (exaustão)." Apesar da situação se ter agravado, a sensibilidade do CNE só se comove com a tal estrutura do 2º ciclo.

Só mais uma nota: flexibilizar o currículo - ou as ideias de "área-escola" e "área de projecto" -, é um desejo antigo anterior às "novas" tecnologias, inspirado na integração de saberes e na necessidade de ir além da escola-indústria e das ideias "back to basics". Catalogar a interdependência dessas categorias, flexibilização e uso de tecnologias, é desconhecer a história da pedagogia. É óbvio que o uso sensato das tecnologias as transforma em ferramentas muito interessantes.

Imagem (tratada) obtida na internet sem referência ao autor.

 

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Mr. Klein

25.11.18, Paulo Prudêncio

Também do estado da Europa

24.11.18, Paulo Prudêncio

 

 

 

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"Que o caos está presente em tudo é uma descoberta grega que se torna arrepiante quando se descobre que, em vez de estar no início, está dentro de todas as coisas, mesmo aquelas que fazemos para nossa segurança."

 

José B. de Miranda,
Queda sem fim.

 

da blogosfera - "Porque os Juízes se suicidam mais? E os estivadores se revoltam?(...)"

23.11.18, Paulo Prudêncio

 

 

 

"Porque os Juízes se suicidam mais? E os estivadores se revoltam? Portugal, retrato da depressão laboral."

 

"(...)Dejours esteve recentemente em Portugal.(...)o fundador do Laboratório de Psicopatologia do Trabalho em França – que provou a relação entre os suicídios da France Telecom e a gestão do trabalho da empresa – disse a uma audiência de centenas de professores em Lisboa: “Têm que reagir e resistir às condições de trabalho…e não se deixarem apanhar”.(...)"

Da ideia de flexibilizar

22.11.18, Paulo Prudêncio

 

 

Flexibilizar o currículo - ou as ideias de "área-escola" e "área de projecto" -, é um desejo antigo anterior às "novas" tecnologias e relacionado com a necessidade de ir além da escola-indústria. Considerar uma interdependência essencial entre essas categorias, flexibilização e uso de tecnologias, está num nível relacional tão escusado como o que impõe competições em catadupa para elevar aprendizagens.

O CNE e o eterno retorno

21.11.18, Paulo Prudêncio

 

 

Até parece que adivinhava a mediatização do relatório "Estado da Educação 2017" que o Conselho Nacional da Educação (CNE) deu hoje a conhecer. É que ainda ontem fiz um post sobre o silêncio do CNE. Há uma preocupação com o insucesso escolar elevado. Do que li, só detecto causas na escola. Ou seja, em Portugal não existe sociedade. A educação é a escola e ponto final. Discordo. Um CNE deve reflectir sobre a educação e não apenas sobre a escola. Voltarei ao assunto no fim-de-semana. O título da notícia diz assim:

"Chumbar um aluno custa 6000 euros, ensiná-lo a estudar só 87. A retenção é uma medida “cara e inútil”, diz a presidente do Conselho Nacional de Educação. Outras opções são mais baratas e eficazes.(...)"

a desconfiança nos professores dois anos depois (e o que é feito do CNE?)

20.11.18, Paulo Prudêncio

 

 

Ora leia este post de Junho de 2016 e compare com o que se passa:

"(...)Entre as tarefas que desviam os professores da sua “missão essencial”, figuram “a sobrecarga de reuniões e de múltiplas tarefas de natureza burocrática”, como por exemplo o preenchimento de aplicações instaladas em plataformas electrónicas, que “poderiam ser desenvolvidas por assistentes técnicos”, destaca o CNE num parecer sobre a condição docente.(...)". Digamos que a hiperburocracia está há muito identificada e que a passagem para o digital torna ainda mais ridícula a ausência de estratégia informacional. Aos sucessivos discursos governamentais com promessas de eliminação da praga, corresponde sempre mais burocracia. Conclui o CNE, que acorda tardíssimo, mas acorda, que “nos últimos anos, as condições de trabalho dos docentes nas escolas têm vindo a tornar-se mais difíceis”, o que contribui para que se registem “processos de stress e burnout [exaustão]".

Estamos, objectivamente, pior e ponto final. (e o que é feito do CNE?)

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Universo escolar e plataformas digitais

19.11.18, Paulo Prudêncio

 

 

Não é surpreendente que se apontem as "empresas externas" (o outsourcing e as plataformas digitais) como uma das componentes mais desfavoráveis nas organizações modernas. A opção facilitou o aumento da escala e desprezou a gestão de proximidade como valor precioso e inalienável. A "gestão do exterior" satisfez os investidores porque permitiu a subida dos lucros com a redução de profissionais. Essa supressão cerebral (na maioria dos casos, e incluindo o escolar, sem qualquer relação com a 4ª indústria ou com a robotização) deslocou para o exterior a definição da informação a obter.

As instituições deixaram de agir livremente sobre os sistemas de informação. Foi uma dupla perda: se antes o poder era exercido por quem decidia sobre o financeiro, a partir daí surgiu um pólo paralelo: a informação. A "gestão do exterior" apoderou-se dos dois domínios e pode sempre argumentar: "é uma boa ideia, realmente, mas impossível de concretizar".

A dependência externa generalizou-se. Como disse Niklas Luhman, o homem perdeu "a posição de centralidade no organismo social e foi remetido para o exterior, passando a fazer parte do meio ambiente do sistema. Tornou-se uma causa para o aparecimento de problemas constantes e de complexidades crescentes" (com mais visibilidade, no caso escolar, para professores e restantes profissionais, mas com consequências para os alunos).

 

Já usei parte desta 

argumentação noutros textos.

humanos, ainda

18.11.18, Paulo Prudêncio

 

 

"(...) Confiamos no conselho fornecido por um algoritmo ou no de familiares, amigos ou colegas? Poderíamos consultar um médico robótico orientado por Inteligência Artificial com uma taxa de sucesso de diagnóstico perfeito ou quase perfeito - ou ficar com o médico humano com o reconfortante apoio de quem nos conhece há anos? (...)". Este dilema, Klaus Schwab (2017:64) na "A Quarta Revolução Industrial", também se aplicará ao ensino?

Como os orçamentos dos estados navegam entre ministérios das finanças, grandes bancos e investidores globais, as decisões orçamentais caem no universo alucinante das praças financeiras que olham com impaciência para as despesas sociais. É, portanto, num espaço maquinal de desconfiança e ilusório, e infernal, controlo burocrático que se tem imposto a degradação da carreira dos professores priorizada há muito pelos neoliberais. A robotização dos professores é um desejo financeiro que a realidade teima em contrariar.

 

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Encontrei a imagem na internet sem referência ao autor.

das fronteiras

17.11.18, Paulo Prudêncio

 

 

RS defendia a herança empresarial: "a empresa sempre foi uma organização democrática, até durante a ditadura" e argumentava em detalhe no fórum TSF. O interlocutor duvidava, com ênfase na impossibilidade perante o regime em causa.

Para RS não existem organizações em abstracto. Dependem das circunstâncias, mas também das pessoas. Por outro lado, não existem barreiras tão sólidas que impeçam "desvios". Quantas vezes não nos cruzamos, mesmo em democracia, com organizações com um conjunto de tiques que nos levam a concluir: se entramos numa ditadura, estará de imediato na primeira linha. Para RS estas fronteiras são frágeis e isso reforça o cuidado na preservação e aprofundamento da democracia.

Seamless border of cartoon grass and flowers.

 

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