professores: entre a mediatização e a "fuga"
A mediatização da carreira dos professores continua infernal. Do orçamento aos estudos, nada escapa ao "arremesso ao professor". Ter 40 anos de descontos com 60 anos de idade, uma impossibilidade para a maioria dos professores, foi o limite mínimo para eliminar o corte do factor de sustentabilidade nas reformas antecipadas. Não se percebeu se a declaração foi além orçamento e só para a segurança social, mas os sinais de alerta ecoaram de imediato por se reconhecer ao declarante um alto desempenho em jogos florais. Fazer, por exemplo, os 40 de descontos aos 63 de idade deve ser "inconstitucional". E depois temos os títulos: ""Mais de 20 mil professores acham que consomem medicação a mais(...)e revelam estar preocupados com o seu consumo de álcool ou drogas. Imagine-se o jeito argumentativo que estes destaques dão ao tal arremesso.
O que mais se estranha, ou talvez não, é o silêncio ensurdecedor do parlamento em relação às causas que os estudos repetem à exaustão. Será porque a quase totalidade das causas são mais ideológicas do que financeiras e promovidas pela não menos infernal plêiade de treinadores de bancada que pulula pela educação?
Vou recorrer a desenvolvimentos noticiosos que não fazem títulos de notícias nem aberturas televisivas. Ora leia.
"Os professores não passaram a odiar os alunos. Adoeceram internamente. Os professores são vítimas de uma organização de trabalho que adoece.(...)Nove em cada dez quer reformar-se antecipadamente. Mais de 70% dos professores dão aulas exaustos e 84% desejam aposentar-se antecipadamente.(...)Os casos de indisciplina eram problemas da escola e da sociedade e não do professor.(...)O modelo de gestão autoritário e o ensino padronizado roubam a autonomia na sala de aula e isso adoece os professores.(...)O fim da gestão democrática, a falta de reconhecimento público da profissão e o excesso de burocracia são preocupações com forte relação com o estado de exaustão.(...)Tenho 56 anos de idade, 33 e tal de serviço, sou uma professora derrotada, desfeita. Pudesse eu pedir isenção do serviço não-letivo, reuniões, reuniões, reuniões(...)."
A imagem é sobre a poluição por plástico. Conhecendo quem produz a matéria prima, não é difícil encontrar os motivos que travam as mudanças. No caso das escolas, basta recuar no tempo, perceber onde estavam os diversos decisores e constatar a profundidade da aversão aos professores que nos remete para um qualquer ajuste de contas que nos projecta para o imobilismo parlamentar que sustenta a poluição do espaço dos professores entre a mediatização e a "fuga".
Foto: Reuters