Os professores, sempre os professores
O Público destaca que os "Professores ganham mais 35% do que média dos trabalhadores qualificados. Os salários dos docentes portugueses estão abaixo dos colegas estrangeiros, mas acima dos outros trabalhadores nacionais com cursos superiores.", com base no relatório Education at a Glance da OCDE. O "eterno" arremesso ao professor não tem emenda. Há 115 índices remuneratórios na administração pública. O topo dos professores está no 57º lugar. Há 58 índices remuneratórios acima dos professores (os do topo recebem quase o dobro dos professores), mas só os professores é que interessam à estratégia comunicacional que enche os órgãos de comunicação social. Dá vontade de perguntar assim: esses 58 índices acima não exigem curso superior? Os "jornalistas" não repararam que as carreiras que ganham menos 35% não exigem formação superior apesar de muitos desses profissionais terem essa formação (e não estou a dizer que é justo; aliás, foram as agências de comunicação que destacaram o argumento da formação; se olharem para a tabela mais abaixo com um sublinhado a vermelho para o topo dos professores, verão que o topo recebe mais ou menos 120% do que a média)? Enfim. Cansa este mais do mesmo e agora até se torna mais enjoativo com o silêncio da totalidade do parlamento.
O Expresso, por exemplo, salienta que os "Professores representam 25% da despesa prevista com progressões para 2019" e são "uma classe profissional a envelhecer, com salários relativos altos". Ou seja, se os professores são cerca de 47% da administração central, há 53% dessas pessoas (não professores, portanto) que representam 75% dos descongelamentos. Em que é que ficamos?