Afinal, os professores tinham razão
No auge da recente greve às avaliações, o Governo e os sindicatos acordaram na nomeação de uma comissão técnica (CT) que apuraria os números exactos da recuperação do tempo de serviço. Como logo se percebeu, esse apuramento era "impossível" e a CT uma manobra de elementar tacticismo. A CT esfumou-se silenciosamente.
O tratamento de dados não conseguia, nem consegue, simular com rigor os compromissos financeiros futuros. Conhece, e depois de pagar, a massa salarial total. Aliás, as forças que apoiam o Governo negoceiam o orçamento nessa base e projectam, em ano eleitoral, uma percentagem de aumento ou um valor igual para todos os funcionários públicos; já se percebeu que será simbólico e que os partidos que apoiam o Governo também acordaram na triste táctica perante qualquer protesto: "vencê-los pelo cansaço". Sejamos realistas em modo irónico: é preferível a verdade e a transparência do que a táctica que menospreza a inteligência das pessoas.
Esta semana, soube-se que "a Direcção-Geral da Administração e Emprego Público não sabe quantos funcionários públicos existem nem quanto ganham. A Inspecção-Geral de Finanças concluiu: O Sistema de Informação da Organização do Estado não dispõe de informação suficiente para caracterizar os recursos humanos da AP (número de funcionários públicos, remunerações, avaliações e qualificações, horas trabalhadas e distribuição nas carreiras), manifestando ainda obsolescência funcional”. Reforcemos o realismo, em modo irónico, do apoio governamental (porque do oportunismo da oposição estamos bem conversados): há pouquíssma vida para além do défice e convenhamos (no caso da educação, por exemplo): uma escola não tem o valor de mercado de um banco e um contrato com um professor, ou com qualquer funcionário público, não é uma PPP nem sequer uma swap.