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Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

Afinal, os professores tinham razão

30.09.18, Paulo Prudêncio

 

 

 

No auge da recente greve às avaliações, o Governo e os sindicatos acordaram na nomeação de uma comissão técnica (CT) que apuraria os números exactos da recuperação do tempo de serviço. Como logo se percebeu, esse apuramento era "impossível" e a CT uma manobra de elementar tacticismo. A CT esfumou-se silenciosamente.

O tratamento de dados não conseguia, nem consegue, simular com rigor os compromissos financeiros futuros. Conhece, e depois de pagar, a massa salarial total. Aliás, as forças que apoiam o Governo negoceiam o orçamento nessa base e projectam, em ano eleitoral, uma percentagem de aumento ou um valor igual para todos os funcionários públicos; já se percebeu que será simbólico e que os partidos que apoiam o Governo também acordaram na triste táctica perante qualquer protesto: "vencê-los pelo cansaço". Sejamos realistas em modo irónico: é preferível a verdade e a transparência do que a táctica que menospreza a inteligência das pessoas.

Esta semana, soube-se que "a Direcção-Geral da Administração e Emprego Público não sabe quantos funcionários públicos existem nem quanto ganham. A Inspecção-Geral de Finanças concluiu: O Sistema de Informação da Organização do Estado não dispõe de informação suficiente para caracterizar os recursos humanos da AP (número de funcionários públicos, remunerações, avaliações e qualificações, horas trabalhadas e distribuição nas carreiras), manifestando ainda obsolescência funcional”. Reforcemos o realismo, em modo irónico, do apoio governamental (porque do oportunismo da oposição estamos bem conversados): há pouquíssma vida para além do défice e convenhamos (no caso da educação, por exemplo): uma escola não tem o valor de mercado de um banco e um contrato com um professor, ou com qualquer funcionário público, não é uma PPP nem sequer uma swap.

não há pachorra

28.09.18, Paulo Prudêncio

das greves e da pusilanimidade

27.09.18, Paulo Prudêncio

 

 

 

Não sei o suficiente sobre a saga dos taxistas para ter opinião. Mas registei uma espécie de analogia com a recente greve dos professores às avaliações: a sensação de que o Governo adoptou a mesma táctica: "vamos vencê-los pelo cansaço". Tenho pena que o Governo não consiga fazer melhor e também registo o silêncio cúmplice de todas as forças parlamentares. Nuns casos pelo conhecido oportunismo, noutros por pusilanimidade.

Professores como farol?!

26.09.18, Paulo Prudêncio

 

 

É espantoso, realmente. Veremos como acaba esta saga da recuperação do tempo de serviço. De acordo com a notícia que vai ler, interroga-se: a decisão governamental para os professores está concluída e nivelará por baixo outras carreiras?

Ora leia: "Tempo de serviço dos magistrados terá por referência solução para professores".

"Como perspectiva a Escola nos próximos 20 anos?"

25.09.18, Paulo Prudêncio

 

 

 

A Gazeta das Caldas (Caldas da Rainha) perguntou-me:

 

"Como perspectiva a Escola nos próximos 20 anos?"

 

Respondi assim ao desafio para um limite de 1000 caracteres (tem 1039):

 

Do muito positivo ao caótico.

Partindo da “Quarta Revolução Industrial” em curso, prevê-se que os resultados na sociedade da generalização das tecnologias possa oscilar entre extremos (do muito positivo ao caótico), com consequências no imperativo da igualdade de oportunidades. Há, contudo, uma zona cinzenta na prospecção detalhada. A escola integra esse universo de incertezas. Por exemplo, os professores não constam das profissões em “crescimento” ou propensas a desaparecerem com a automatização. Mas muitas outras constam, o que ajuda a organizar a escola do futuro – currículos, ofertas e programas de orientação profissional -, com forte referência à dimensão civilizada, democrática, desburocratizada e autónoma.

A regra, a finalidade e a exigência são património da cultura da escola, em paralelo com o erro, o drama, o afecto e a amizade. Para alunos, professores e outros profissionais, construir bons modelos de aprendizagem será sempre uma tarefa árdua. Por isso, a ideia de escola nunca prescindirá do dever de apoiar as necessidades de uns e de outros. 

 

O jornal escolheu a imagem para acompanhar o texto.

 

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da blogosfera e das memórias

22.09.18, Paulo Prudêncio

 

 

Quatro anos depois (e esta memória chegou-me pelo facebook), leio este recorte do DN e mais me convenço que a nossa sociedade educativa tem uma tendência para os movimentos circulares. Ou seja, andamos, andamos muito até, mas voltamos quase ao ponto de partida. A clássica blogosfera é um resgisto dessa evidência.

 

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da história da economia

21.09.18, Paulo Prudêncio

 

 

 

"Poucos economistas perceberam a emergência da crise actual, mas essa falha de previsão foi o menor dos problemas. O mais grave foi a cegueira da profissão face à possibilidade de existência de falhas catastróficas numa economia de mercado. O papel da economia perdeu-se porque os economistas, enquanto grupo, se deixaram ofuscar pela beleza e elegância vistosa da matemática. Porque os economistas da verdade caíram de amores pela antiga e idealizada visão de uma economia em que os indivíduos racionais interagem em mercados perfeitos, guiados por equações extravagantes. Infelizmente, esta visão romântica e idílica da economia levou a maioria dos economistas a ignorar que todas as coisas podem correr mal. Cegaram perante as limitações da racionalidade humana, que conduzem frequentemente às bolhas e aos embustes; aos problemas das instituições que funcionam mal; às imperfeições dos mercados - especialmente dos mercados financeiros - que podem fazer com que o sistema de exploração da economia se submeta a curto-circuitos repentinos, imprevisíveis; e aos perigos que surgem quando os reguladores não acreditam na regulação. Perante o problema tão humano das crises e depressões, os economistas precisam abandonar a solução, pura mas errada, de supor que todos são racionais e que os mercados trabalham perfeitamente."

 

 

Paul Krugman,

New York Times

de 2 de Setembro de 2009.

 

alunos e estudos comparados

19.09.18, Paulo Prudêncio

 

 

 

É óbvio o interesse na auscultação dos alunos sobre políticas educativas. Mas surpreendem-me os que argumentam a favor de experiências suportadas na opinião de crianças do pré-escolar, dos primeiros anos do primeiro ciclo ou até com mais idade. Para além de tudo, essas opiniões não têm termo de comparação. E não me estou a referir a graus de satisfação. Isso é outro domínio.

Nem sei se é um bom sinal

18.09.18, Paulo Prudêncio

 

 

Uma conhecida profissional de televisão transferiu-se da TVI para a SIC. Dei pela forte mediatização do assunto e ontem reparei que Cristina Ferreira, a pessoa em causa, estava no telejornal das 20h00, da SIC. Confirmei a sensação dos dias anteriores: não sabia quem era, nem me lembro de ter visto algum programa seu. E confesso: nem sei se é bom sinal para os meus conhecimentos sobre os órgãos de comunicação social.

as escolas abrem todas em Setembro

17.09.18, Paulo Prudêncio

 

 

 

As escolas abrem sempre em Setembro (o actual ministro da educação declarou que, há uns poucos anos, abriram em Outubro ou Novembro; é um equívoco estranho, uma vez que aberturas em Outubro datam da década de setenta do século passado e Novembro nem deve constar dos registos). Mas mesmo que muitas decisões de planeamento, que deveriam conhecer-se em Janeiro, só sejam publicadas em Julho ou Agosto, o ano lectivo começa sempre dentro das salas de aula. Em que condições é o que nunca se chega a apurar. No ano seguinte, volta-se quase à estaca zero como se nada tivesse acontecido. Escolas em regime de instalação, mesmo que com 50 anos de história, é assunto trivial. É evidente que a gestão das escolas obedece há muito a critérios de antecipação, para que as surpresas não alterem a periodicidade anual do mito de Sísifo para semestral ou trimestral.

E a OCDE serve que projecto político?

16.09.18, Paulo Prudêncio

 

 

Os últimos dias permitiram um melhor conhecimento da história da OCDE, como, de resto, aconteceu recentemente com uma instituição parecida: o FMI. Ambas, a 1ª na educação e a 2ª na economia e finanças, servem um projecto político que se consolidou nas últimas décadas nos EUA e na Europa (PPE e socialistas da terceira via) e que foi responsável pela crise de 2007 e pelo aumento de riqueza dos tais 1%. Objectivamente é assim. Há mais resultados, alguns muito positivos como a paz, mas os dois referidos evidenciam-se até por permitirem a subida ao poder de forças extremistas demagógicas em consequência da queda das classes médias.

O último relatório, Education at a Glance, da OCDE, tem conclusões baseadas em dados errados sobre os professores portugueses. Os OCS agendaram de imediato as falsas conclusões sobre os professores e as instituições da democracia silenciaram-se. Esperava-se uma pronta correcção do Governo, até porque um dos secretários de estado da Educação dirige as reuniões do TALIS, departamento da OCDE com um "peso" semelhante ao PISA e que estuda as questões profissionais da educação. Mas não se ouviu nada de conclusivo e objectivo. Li o SE a desresponsabilizar-se sobre as erradas conclusões. Esperemos, então, pelos próximos capítulos.

Os títulos e a escola

14.09.18, Paulo Prudêncio

 

 

 

Os órgãos de comunicação social (OCS) usam títulos "pouco rigorosos" para captar audiências ou servir agendas (veja-se o recente caso OCDE). Mas não são só os OCS. Os programas escolares, e de outras áreas, obviamente, caem em algo semelhante no uso mediático. Por exemplo: títulos que incluam Sucesso Escolar, Inclusão ou Flexibilidade Curricular, são, desde logo, irrefutáveis. Mesmo quem desconheça os conteúdos, usará politicamente os "troféus" ou, no caso das oposições, silenciará o contraditório.

A história mostra que há programas com resultados opostos ao enunciado em título. Há um erro comprovado numa asserção elementar: as condições de todos os intervenientes. A inclusão ou o sucesso escolar, por exemplo, têm de se projectar com preocupações nas condições de realização de alunos, professores e outros profissionais.

Há história e explicações suficientes para não se repetirem erros. A revolução francesa introduziu o conceito de igualdade numa fase em que terminava a 1ª revolução industrial. Nos séculos seguintes, e duas revoluções industriais depois, percebeu-se que o conceito não se aplica à escolaridade de crianças e jovens. Ou seja, os alunos não são "iguais", na hierarquia da maioria das decisões e escolhas pedagógicas, aos professores (e, noutro nível, aos pais e encarregados de educação); e a democracia, e a anti-tirania, digamos assim, exige que assim seja. A 4ª revolução industrial em curso, e a generalização do uso das tecnologias, afirma uma certeza: são as pessoas que vão fazer a diferença. Mas a maré de incertezas volta a dar espaço aos que confundem papéis escolares e deitam por terra as melhores intenções. As decisões, e nos diversos níveis, desses desconhecedoras da história (e da história da pedagogia) reforçam os estudos recentes que antevêem resultados que podem oscilar entre extremos (do muito positivo ao caótico).

 

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 Estacionamento público de bicicletas.

Amesterdão.

legislação para o ano lectivo 2018/19

13.09.18, Paulo Prudêncio

 

  

• Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória
(http://dge.mec.pt/…/Projeto_Autonomia…/perfil_dos_alunos.pdf)

• Estratégia Nacional de Educação para a Cidadania
(http://dge.mec.pt/estrategia-nacional-de-educacao-para-cida…)
• Decreto-Lei n.º 54/2018, de 6 de julho
(http://dge.mec.pt/…/educacao-inclusiva-decreto-lei-no-54201…)
• Decreto-Lei n.º 55/2018, de 6 de julho
(http://dge.mec.pt/noti…/autonomia-e-flexibilidade-curricular)
• Despacho Normativo n.º 10-B/2018 - Organização do ano letivo
(http://www.dge.mec.pt/…/despacho-normativo-no-10-b2018-orga…)
• Aprendizagens Essenciais do Ensino Básico
(http://www.dge.mec.pt/…/homologacao-das-aprendizagens-essen…)
• Regulamentação das ofertas educativas do ensino básico previstas no n.º 2 do artigo 7.º do Decreto-Lei n.º 55/2018
(https://dre.pt/application/conteudo/115886163)
• Portaria n.º 226-A/2018, de 7 de agosto, procede à regulamentação dos cursos científico-humanísticos

(https://dre.pt/application/file/a/115941797)

• Aprendizagens Essenciais do Ensino Secundário
(http://www.dge.mec.pt/…/homologacao-das-aprendizagens-essen…)

 

Programa Nacional de Promoção do Sucesso Escolar

 

Resumo obtido no facebook do CFAE Centro Oeste.

Os professores, sempre os professores

11.09.18, Paulo Prudêncio

 

 

 

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O Público destaca que os "Professores ganham mais 35% do que média dos trabalhadores qualificados. Os salários dos docentes portugueses estão abaixo dos colegas estrangeiros, mas acima dos outros trabalhadores nacionais com cursos superiores.", com base no relatório Education at a Glance da OCDE. O "eterno" arremesso ao professor não tem emenda. Há 115 índices remuneratórios na administração pública. O topo dos professores está no 57º lugar. Há 58 índices remuneratórios acima dos professores (os do topo recebem quase o dobro dos professores), mas só os professores é que interessam à estratégia comunicacional que enche os órgãos de comunicação social. Dá vontade de perguntar assim: esses 58 índices acima não exigem curso superior? Os "jornalistas" não repararam que as carreiras que ganham menos 35% não exigem formação superior apesar de muitos desses profissionais terem essa formação (e não estou a dizer que é justo; aliás, foram as agências de comunicação que destacaram o argumento da formação; se olharem para a tabela mais abaixo com um sublinhado a vermelho para o topo dos professores, verão que o topo recebe mais ou menos 120% do que a média)? Enfim. Cansa este mais do mesmo e agora até se torna mais enjoativo com o silêncio da totalidade do parlamento.

O Expresso, por exemplo, salienta que os "Professores representam 25% da despesa prevista com progressões para 2019" e são "uma classe profissional a envelhecer, com salários relativos altos". Ou seja, se os professores são cerca de 47% da administração central, há 53% dessas pessoas (não professores, portanto) que representam 75% dos descongelamentos. Em que é que ficamos?

 

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