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Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

11 cozinhas

31.07.18, Paulo Prudêncio

 

 

É tal o desvario imobiliário na zona histórica de Lisboa, que uma casa com 11 cozinhas esteve à venda por quase 6 milhões de euros. O assunto mediatizou-se e revelou - na defesa e no ataque - o tradicional e nefasto clubismo: é nos clubes como nos partidos, nos países, nas cidades, nos bairros, nas escolas e até nas praias. E, como se vai percebendo, o fenómeno aprende-se de pequenino e parece em crescendo. Vá lá: o vereador proprietário das 11 cozinhas demitiu-se.

a disciplina imposta pelo euro e os professores

27.07.18, Paulo Prudêncio

 

 

 

A disciplina imposta pelo euro (legitimada pelo tratado orçamental), que norteia o Governo, é um caminho nunca antes navegado. São já reconhecidos erros graves (pelo FMI, por exemplo) nessas políticas austeritaristas e na gestão das dívidas soberanas. Portugal, e apesar de ser uma pequena economia, foi um dos países mais prejudicados por causa dos receios sistémicos. Quando se diz - leia nos meus lábios - que "não há dinheiro", pretende-se meter gelo no sobreaquecimento dos cidadãos embora se navegue na incerteza. O que irrita as pessoas, é que o "não há dinheiro" nunca se aplica aos grandes contratos, nem sequer nas falências de pequenos bancos quando a decisão era óbvia; e como depois se comprova mas não se "aprende". Ou seja, e repitamos, os orçamentos de estado são para todos e a política favorece os mais fortes. Tem sido este o fatalismo de socialistas e populares europeus e a direita radical não pára de crescer e de ameaçar com o fim do "euro" e da própria União Europeia.

O "burros" não é muito inclusivo

26.07.18, Paulo Prudêncio

 

 

 

Também li pelo facebook um post de um dos mentores da "nova" ideia sobre educação inclusiva. O post era sobre os professores. O Paulo Guinote fez um post no blogue dele e deixei por lá o seguinte comentário: "O "burros" não é muito inclusivo". O post começa assim:

 

"Texto no mural do David Rodrigues no fbook:

 

"Não acredito…

Asseguram-me que o Governo das Esquerdas vai perder a maioria por falta do voto dos professores.
Eu não acredito.
Só mesmo aqueles que não se lembrem do que é a alternativa ao Governo das Esquerdas lhes fez…
Eu acredito que ninguém é tão inconsciente que se suicide por vingança…
Os professores podem estar zangados mas não são burros."

(...)"

da mesa negocial sobre os professores

25.07.18, Paulo Prudêncio

 

 

 

É este o resultado da comissão técnica? É isto que têm para dizer depois destas greves? Os sindicatos dizem que o Governo não tem dados rigorosos? Li várias notícias e concluí: a mesa negocial está em-estado-de-fingimento (ou a gozar?) e depois admira-se com a radicalização vigente com tendência a agravar-se. O Expresso apresenta o problema assim "Proposta para recuperar dois anos e 9 meses de tempo de serviço custa 180 milhões de euros. No final da reunião sobre os custos do descongelamento e da recuperação de tempo de serviço, o Governo voltou a reafirmar as suas contas e os sindicatos mantiveram as suas dúvidas.(...)Negociação política só em Setembro.(...)".

Outro estudo credível sobre a saúde dos professores

25.07.18, Paulo Prudêncio

O Ministro Centeno e os professores

24.07.18, Paulo Prudêncio

 

 

 

Foi a 17 de Abril de 2018 que Mário Centeno afirmou que "o Orçamento de 2019 depende menos de mim do que imaginam". Como ontem afirmou, a propósito dos professores, que o “o OE é para todos os portugueses”, concluo que aguarda pela comissão técnica, que vai definitivamente apurar os números da recuperação do tempo de serviço, para ter uma influência equitativa no orçamento. Aliás, a justiça é a única questão orçamental: ou seja, a distribuição é sempre para todos a justiça é que nem por isso.

 

Nota: é curial que o desempenho da comissão técnica seja tornado público até ao final de Julho de 2018; como acordado. Espera-se a publicitação dos números e dos instrumentos de gestão utilizados.

Concursos de Professores - Resultados

24.07.18, Paulo Prudêncio

 


Concurso Interno Antecipado – Listas definitivas

Estão disponíveis para consulta as listas definitivas de ordenação, colocação, não colocação, exclusão, desistência e retirados do Concurso Interno Antecipado para o ano escolar 2018/2019

 

Concurso Externo Ordinário/Contratação Inicial/Reserva de Recrutamento e Concurso Externo Extraordinário – Listas Definitivas

Estão disponíveis para consulta as listas definitivas de ordenação, colocação, não colocação, exclusão, desistência e retirados do Concurso Externo Ordinário e Concurso Externo Extraordinário para o ano escolar 2018/2019.

 Nota informativa

 Listas definitivas

Da escolha de um livro

23.07.18, Paulo Prudêncio

 

 

 

A escolha (2004) "Correntes" para nome do blogue revelou-se paradoxal: inspirei-me na democracia, no respeito pelas correntes e diversidade de opiniões, e na busca de pensamento livre, e uns anos depois vi as redes sociais inundadas por movimentos, mais de cariz espiritual, que não aprecio: correntes, cadeias, laços, mãos dadas e por aí fora. Ainda pensei mudar o nome.

Mas por causa da Isabel Sousa e Silva e do António Curado, vou escolher um livro, para uma cadeia nas redes sociais, que me foi oferecido pela única organização em que "milito": a informal e escolar "Confraria das Provas Ó Vais". Ofereceram-mo no meu aniversário de 2010. Li-o umas duas vezes, mas ainda não o percebi. Vou tentar a terceira. Não é a primeira vez que sinto essa dificuldade. Aconteceu-me algo semelhante com o "Ulisses", do James Joyce, mas entre a segunda e a terceira leitura li "O retrato do artista enquanto jovem" e fez-se luz. Vou tentar com o "Por que é que os homens nunca ouvem nada e as mulheres não sabem ler o mapa das estradas" de Allan e Barbara Pease. A dedicatória vem assinada e retribuo às assinaturas legíveis (como são quase tudo miúdas, recordo que já podem usar GPS) sem intenção de continuar a corrente que implicaria sete livros noutros tantos dias. 

Isabel Maria Sousa Silva; Celia Jorge; Lina Soares de Carvalho; Hélia Henriques; Helena Martins; Ana Serrenho; Bruno Gaspar; Filomena Branco; Filomena Ruivo; João Henriques; Maria Chora; Sandra Amaral; Isabel Seno; Maria João Tomás; Margarida Gomes.

 

250x

 

O regresso da flexibilidade curricular e o tempo das aulas

23.07.18, Paulo Prudêncio

 

 

 

No final do século passado, discutiu-se muito a gestão flexível dos currículos e as aulas de 90 minutos. Concluiu-se o óbvio e estabeleceu-se um consenso: as disciplinas têm necessidades horárias diferentes e os anos de escolaridade mais ainda. Há, como sempre houve, espaço para inovar e adequar o tempo das aulas às disciplinas e aos anos de escolaridade. Só vejo uma finalidade em se fazer tábua rasa (e com esta carga curricular) e regressar aos anos 1990 com aulas de 50 minutos para todas as disciplinas em todos os anos: lançar mais turmas nos horários dos professores de uma parte das disciplinas.

Aprendizagens essenciais até ao 9º ano de escolaridade

22.07.18, Paulo Prudêncio

 

 

 

As aprendizagens assenciais (AE) referidas são homologadas pelo Despacho n.º 6944-A/2018, de 19 de julho.

 

Componentes do currículo

1. º Ciclo

2. º Ciclo

3. º Ciclo

1.º Ano

2.º Ano

3.º Ano

4.º Ano

5.º Ano

6.º Ano

7.º Ano

8.º Ano

9.º Ano

Português

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Matemática

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Estudo do Meio

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Educação Artística

Artes Visuais

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Expressão Dramática/Teatro

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Dança

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Música

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Educação Física

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Inglês

 

 

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TIC

 

 

 

 

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História e Geografia de Portugal

 

 

 

 

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Ciências Naturais

 

 

 

 

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Educação Visual

 

 

 

 

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Educação Tecnológica

 

 

 

 

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Educação Musical

 

 

 

 

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Língua Estrangeira II

Alemão

 

 

 

 

 

 

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Espanhol

 

 

 

 

 

 

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Francês

 

 

 

 

 

 

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História

 

 

 

 

 

 

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Geografia

 

 

 

 

 

 

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Físico-Química

 

 

 

 

 

 

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Educação Moral e Religiosa Católica

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Português Língua Não Materna

Nível A1

Nível A2

Nível B1

 

E Jaime Neves entregou-me o "crachá" de Comando (na imagem)

20.07.18, Paulo Prudêncio

 

 

 

Reedição a propósito dos

desenvolvimentos

das recentes mortes 

de instruendos

dos Comandos. 

 

 

As praxes nos cursos de Comandos eram toleradas; os excessos nem tanto. Mas eram, e são, espaços incontroláveis. E é exactamente nesse domínio, na coacção constante, violenta e não programada, sobre os jovens instruendos, que tudo começa como é retratado na muito boa peça do Público que tem um título realista: "O instrutor dos Comandos avisou-nos: vou tornar-me num animal." É uma escalada em que "farei pior do que me fizeram".

 

Fui pedir uma autorização para sair do país e acabei incorporado obrigatoriamente nos Comandos dois meses depois. Foi tudo muito rápido. Seriam dois anos "desperdiçados" numa idade, e condição, que não permitia tempo perdido. A burocracia entre Moçambique e Portugal não funcionou e o meu pai ainda me tentou ajudar no adiamento com um sobrinho que era Conselheiro da Revolução e com o próprio Jaime Neves que era um seu velho conhecido de Moçambique. Não foi boa ideia :). Numa recruta, devemos passar o mais despercebidos possível. Ainda por cima, os instruendos dos cursos de oficiais respondiam a inquéritos políticos e marquei uma posição semelhante à actual. Os candidatos a oficias e sargentos eram exactamente isso numa organização verticalizada. Os "outros", eram a tal "carne para canhão" e talvez isso explique a clubite desinformada, e em muitos casos desumana, sempre que há um pico mediático sobre o assunto. Mas todos (oficiais, sargentos e praças) formam as imprescindíveis tropas de elite ao serviço de "elites" que não saem dos salões e dos que sabem tudo o que deve ser feito com os filhos dos outros.

 

Lembro-me do momento da imagem (o lenço preto saiu com o vento; o meu amigo Gomes, que se vê a meu lado cheio de brio, já não estava grande coisa :)). É interessante que se leia a legenda. O comandante Jaime Neves, como me confirmou depois, fez questão de me entregar o crachá de Comando. O ambiente no regimento era pluralista, suficientemente profissional e com os excessos decorrentes da "inacção" de militares especialistas em combate.

 

Já fiz, ao longo dos anos, vários posts sobre os Comandos. Encontra-os aquiFica ainda muito para escrever, naturalmente.

 

Fiz um resumo das passagens mais significativas:

 

Lembrei-me do serviço militar. Vinte e poucos anos, muito poucos mesmo, e zero tiros no currículo. De uma hora para a outra raparam-me os caracóis, encheram-me de fardas e de sei lá mais o quê e disseram-me: vais ser comando; a honra suprema de um jovem português. Chamavam-me de Prudêncio, o meu último nome, coisa que até aí me parecia exclusivo do meu pai. Fui obrigado a fazer uma tropa de voluntários com detalhes engraçados: perguntavam-me: - és voluntário?; respondia: - não. Mas nos papéis punham a cruz no sim e quando mais refilasse pior: aprendi rápido e sentenciei: - se tem de ser, vamos a isso.

Depois foi aquilo que se sabe. Mesmo com uma estrela aos ombros, já que ali éramos todos iguais, valha-lhes isso, a dureza e a brutalidade diárias sucederam-se até o horror se instalar. Lembro-me, entre tantas outras coisas tremendas, de saborear um naco de pão duro barrado com pelos da barba e sangue, de rebolar em tronco nu num escarpado cheio de silvas ou de me deitar em terrenos cravejados de balas acabadas de cair. Violência acumulada em meses e meses sem fim. Valeu-me a ausência da guerra. Não sei o que faria dos "inimigos".

Fui Comando. Por obrigação numa tropa para voluntários (começou nessa altura a objecção de consciência). Condicionado a dar o melhor para ser oficial e não ir parar a soldado sem graduação e sem especialidade. Éramos 87 no curso de oficiais e sobraram 7. Na prova mediatizada (prova de choque) éramos cerca de 500: ao segundo dia estavam cerca de 250 na enfermaria improvisada. Era tal a violência e alienação, que se traficavam tampinhas de cantil com água a 500 escudos a unidade (cerca de 100 euros com "equivalência" ao custo de vida actual). Um amigo de escola (o Jaime Naldinho), queria que lhe espetasse um prego da tenda na mão para ser evacuado. Como recusei (ele ficaria com mais uma lesão para a vida), correu atrás de mim acusando-me de estar feito com os inimigos (já não bastava o esforço daqueles dias loucos e infernais que me provocaram uma indigestão inédita por ter ingerido lama em quantidade imprudente; estive para desertar a meio do curso). Dei instrução e pertenci à companhia operacional 112. Foram 18 meses inesquecíveis. Aprendi muito em diversos domínios; também na "arte da guerra" que até aí me era completamente estranha. Havia muitos exageros. Nestes cursos morreram dois ou três instruendos e alguns ficaram com lesões para a vida. Era uma coisa estúpida derivada de mau planeamento, de praxes insanas ou de insuficiências no equipamento. Não havia a mediatização actual. Era uma revolta muda.

 

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Encontrei a imagem (é de um DN de Dezembro de 1980) ontem num baú de recordações.

dos modismos e do perfil do aluno

20.07.18, Paulo Prudêncio

 

 

 

 

Fui parar a uma entrevista de Agosto de 2016 de quem coordenou o perfil do aluno no final do 12º ano.

 

Lembrei-me deste post.

 

Começa assim:  

 

A febre reformista no sistema escolar em Portugal não é nova: é mesmo imparável. O que é engraçado, e com o passar do tempo, é que vemos recuperar ideias antigas como se de grandes novidades se tratassem. Parece um percurso circular.

Escrevia, algures em 1998, uns textos para uma revista sobre educação e o coordenador pediu-me que inscrevesse algumas ideias sobre o assunto. Lembrei-me dos remédios. Fui ler a literatura do “Benuron” - medicamento para todas as dores e para todas as maleitas gripais e constipais - peguei no seu modelo organizativo e fui andando. Foi uma noite bem passada. Quase 16 anos depois, e aproveitando as competências do blogue, publico-as de novo. Só dois detalhes antes de começar: se em 1998 era possível este grau de má burocracia e eduquês, não é de admirar que com mais 17 anos intensivos isto tivesse chegado a este estado.

 

Republico apenas o perfil do aluno. Para os restantes medicamentos terá que ir ao original no link referido.

 

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Perfil do aluno. 

Registo da patente: equipa coordenadora dos programas escolares na reforma Roberto Carneiro em 1989. 

Composição: registo preciso e rigoroso do estado do produto aluno somados x anos de laboração. 

Indicações terapêuticas: impede desvios acentuados nos complexos processos de apreciação global dos alunos; facilita a criação de mecanismos rigorosos de análise transversal do desempenho de humanos sujeitos ao agressivo contexto escolar. 

Contra-indicações: pode provocar ligeiras dores de cabeça quando verificada a sua articulação com os programas escolares das disciplinas dos anos terminais de ciclo. 

Precauções especiais de utilização: não deve ser aplicado a alunos muito curiosos nem aos que se posicionem de frente ou de costas. 

Prazo de validade: um ciclo escolar, precisamente.

os professores e a justiça

19.07.18, Paulo Prudêncio

 

 

 

É justa a iniciativa de cidadania activa que visa a recuperação do tempo de serviço. Sublinhe-se que o direito abandou a visão positivista do primado absoluto da lei para integrar uma concepção mais moderna: "um ir e vir constante entre a norma e o caso". As fontes dos juízes continuam a ser as normas, mas também a jurisprudência e a jurisprudência dogmática (ou doutrina). A quebra de contratos administrativos (por exemplo, a "eliminação" de tempo de serviço) por parte do Estado em "domínios considerados com omissão de procedimentos" (DOCP) enquadra-se nessa discussão. Há um sobreaquecimento de posições derivado a dois fenómenos: tratamento diferente do Estado nos contratos DOCP com os fortes (olhe-se para o recente Pavalorem/BPN/carros topo de gama) e alegada corrupção e degradação ética de actores fundamentais da democracia. Apesar de tudo, os promotores destas iniciativas de cidadãos mantêm a argumentação no essencial se não a deslocarem para a contenda partidária que tantas vezes prejudica a força da razão. É disto, na minha modesta opinião, que o país precisa a começar pelos actores partidários.

 

Já usei alguns argumentos noutros posts.

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