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Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

dos receios com a municipalização escolar

29.03.18, Paulo Prudêncio

 

 

 

Conheço um epicentro da municipalização escolar (Óbidos) e conheço bem uma das centralidades do grave fenómeno dos "privados" escolares (Caldas da Rainha). Digamos que 2009 foi um ano marcante: não só porque confirmou as piores expectativas desenhadas em 2004 ("privados" escolares), como lançou as bases para muito do que se seguiu (modelo de gestão das escolas). Ou seja, a conjugação dos dois fenómenos explica boa parte do receio com a municipalização (e os ambientes locais referidos confirmaram a fragilidade de acolher as piores práticas). 

Pudera

27.03.18, Paulo Prudêncio

 

 

 

Com tanta precariedade e baixos salários, o que resta aos jovens entre os 20 e os 34 anos de idade? No caso do sistema escolar, será muito difícil renovar mais de 45 mil professores num espaço de dois ou três anos que se aproxima a toda a velocidade. É que para além do grave prolongamento da idade para a aposentação que originará a dificuldade da renovação referida, a atractividade da carreira de professor bateu no fundo.

 

"Portugal foi o país da União Europeia (UE) onde mais jovens no desemprego se mostraram disponíveis para sair do seu local de residência com o objectivo de conseguir um emprego em 2016, indicou esta terça-feira o Eurostat. Segundo o gabinete de estatísticas da União Europeia, apenas 29% dos jovens portugueses desempregados, com idades compreendidas entre os 20 e os 34 anos, não admitiam procurar emprego fora do seu local de residência, um número abaixo da média comunitária (50%).(...)"

O Governo mudou o algoritmo para 1989

26.03.18, Paulo Prudêncio

 

 

 

Desde 1989 que o peso dos salários do Estado não atingia valores tão mínimos: 11% do PIB. É um recuo de 29 anos. Ou seja, e de acordo "com as séries publicadas pela Comissão Europeia", é já impossível tergiversar: o Governo mudou o algoritmo. Há declarações do primeiro-ministro no Parlamento (sobre aposentações e assuntos semelhantes), e toda uma argumentação de ministros e de economistas que apoiam o Governo, que carecem de fundamento.

"privados" escolares acusados de corrupção

25.03.18, Paulo Prudêncio

 

 

 

Cerca de quatro anos depois das buscas da polícia judiciária, e em consequência de reportagens televisivas e da acção de uns quantos cidadãos, o MP fez as acusações que pode ler a seguir. Encontra vários posts sobre o assunto aquiaqui, aqui e aqui. É já uma longa história, em que os actores locais - como é o caso num epicentro, as Caldas da Rainha - testemunharam e memorizaram (factos e consequências) o calibre dos comportamentos em questão. Repitamos assim: que a justiça faça o seu caminho.

"O ex-secretário de Estado Adjunto e da Administração Educativa José Manuel Canavarro e um antigo diretor regional de educação estão acusados de corrupção no caso dos colégios do grupo GPS, segundo a acusação a que a Lusa teve acesso..(...)O Ministério Público (MP) acusou também cinco administradores do grupo GPS.(...)"

Por cá, é quase tudo ao contrário e imutável

23.03.18, Paulo Prudêncio

Ainda há quem se surpreenda com estas notícias educativas?

22.03.18, Paulo Prudêncio

 

 

 

 

Na sequência doutros estudos com conclusões semelhantes (e muito preocupantes), "a Universidade do Minho concluiu que os alunos com melhor desempenho escolar estudam 15 horas semanais para além das aulas, não valorizam outras actividades e revelam pouca criatividade. 40% têm explicações no secundário"Não é, portanto, de estranhar que, com base num grande estudo da OMSaúde, se conclua que "a falta de autonomia dos nossos adolescentes é assustadora"; e sabe-se que tudo começa cedo.

Com toda a prudência em relação às causas, é factual que os últimos anos acentuaram uma sociedade - excessivamente competitiva - que depositou na escola as tarefas educativas. Para além disso, os alunos perderam os espaços não supervisionados. O "espaço livre para brincar" desapareceu. A sociedade ausente até capturou a organização escolar com detalhes elucidativos: pavor com o tempo livre no "furo" escolar, redução de intervalos e supressão de espaços não vigiados. Interroguemos assim: ainda há quem se surpreenda com estas notícias?

 

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O Leopardo

21.03.18, Paulo Prudêncio

 

 

 

 

"O Leopardo", de Jo Nesbø, publicado entre "O Boneco de Neve" e "A Sede", é outro romance policial de cortar a respiração. Fico na expectativa do próximo.

 

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do verbo incentivar

19.03.18, Paulo Prudêncio

 

 

 

O verbo incentivar será uma das componentes mais críticas do mundo desenvolvido. Essa lógica racional do mercado condicionou a socialização e a estruturação das actividades. Importa sublinhar que, há umas décadas, incentivar era uma palavra-chave educacional e organizacional com uma ubiquidade que se entranhou.

Steven D. Levitt, em "Freakonomics: o estranho mundo da economia" e mais recentemente Michael Sandel, em "O que o dinheiro não pode comprar", dedicaram-se ao efeito do verbo. O segundo tem um tópico que intitulou "incentivos e dilemas morais", onde se pode ler (página 93):

"É fácil deixar escapar a novidade desta definição. A linguagem dos incentivos é um desenvolvimento recente do pensamento económico. A palavra "incentivo" não surge nos escritos de Adam Smith nem nas obras de nenhum dos outros economistas clássicos. Na verdade, só viria a ser introduzida no discurso económico no século XX e apenas adquiriu proeminência nas décadas de 1980 e 1990. O Dicionário Oxford de Inglês indica o seu primeiro uso no contexto da economia em 1943; nas Seleções do Reader' s Digest: "O Sr. Charles E. Wilson (...) está a incitar as indústrias da guerra a adoptarem "remunerações de incentivo" - isto é, pagar mais aos trabalhadores se produzirem mais." O uso da palavra incentivo aumentou drasticamente na segunda metade do século XX à medida que o predomínio dos mercados e da lógica racional do mercado se consolidava. Segundo uma pesquisa no Google Books, a incidência deste termo aumentou mais de 400% desde a década de 1940 à década de 1990."

Observa-se uma crise moral em paralelo com um inédito desenvolvimento tecnológico que implica uma revolução na organização das sociedades. Se a eliminação do incentivo é uma "impossibilidade" imediata, já o uso mais ponderado na educação das crianças contribuirá para a afirmação de políticas sustentáveis.

Se em Adam Smith o mercado era a mão invisível, para Michael Sandel a generalização dos incentivos tornou-se a mão pesada e manipuladora. O filósofo dá vários exemplos de incentivos monetários nesse sentido, como os que são dados a troco da esterilização ou de boas notas escolares.

A prevalência do incentivo não eliminou a distinção entre economia e ética,

"entre a lógica racional do mercado e o raciocínio moral. A economia simplesmente não transacciona em moralidade. A moralidade representa a maneira como gostaríamos que o mundo funcionasse e a economia mostra como ele funciona na realidade", explicam Levitt e Dubner.

Michael Sandel acrescenta:

"(...)A noção que a economia é uma ciência isenta de juízos de valor, independente de toda a filosofia moral e política, sempre foi questionável. Contudo, hoje em dia, a jactante ambição da ciência económica torna extremamente difícil defender esta afirmação. Quanto mais os mercados invadem esferas não económicas da vida, mais se vêem enredados em questões morais.(...)Se algumas pessoas gostam de ópera e outras de combates de cães ou lutas na lama, precisamos de facto de nos abster de tecer juízos morais e atribuir peso igual a essas preferências no cálculo utilitarista?(...)Quando os mercados corroem normas não mercantis, o economista (ou qualquer outra pessoa) tem de decidir se isso representa uma perda que deveria preocupar-nos.(...)"

Neste tópico, Michael Sandel apresenta um conjunto de problemas educacionais e escolares que abordarei noutros posts.

3ª edição.

 

gosto de Bolonha

17.03.18, Paulo Prudêncio

 

 

 

Gosto de Bolonha e dos quilómetros de arcadas em ambiente civilizado. É a única cidade que conheço onde, com um cartão recarregável (e já em 2005), se podia utilizar automóveis públicos a exemplo do sistema já usual das bicicletas. A gastronomia é muito boa. As Piadinas recomendam-se. Os melões são únicos e os gelados uma perdição. E podia escrever mais sobre uma urbe onde se sobe às torres para fotografar os telhados que fizeram com que a cidade fosse denominada de vermelha. 

É imerecida a ligação depreciativa que associa o nome de Bolonha aos diplomas do ensino superior. No caso português chega a ser exasperante. As novas gerações não têm que carregar um estigma. Esta solução foi projectada por razões financeiros. Antes da mudança, importava clarificar o processo de equivalências e a sua relação com a duração dos ciclos. Desse modo, impedir-se-ia o ruído. Nestes dias, leio coisas humoradas dos diplomados com requisitos de frequência anteriores a Bolonha (em que se interroga se bacharelato, licenciatura, mestrado - até onde me integro - e doutoramento passam ao grau seguinte). Não podia ser. O que me parece justa, e vem muito atrasada, é a equiparação, para efeitos de concurso nos diversos países do mundo, ao grau de mestre dos licenciados antes de Bolonha. A não equiparação resultava numa insuportável (injusta e evitável) exclusão.

 

Já usei esta argumentação noutras alturas.

 

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dos sinais e dos extremos escolares

16.03.18, Paulo Prudêncio

 

 

 

Por vezes, é necessário um caso dramático para que as consciências acordem. Recordo-me muitas vezes do caso France Telecom: só ao 35º suicídio é que se decretou o fim do modelo kafkiano de avaliação do desempenho. 

Com as devidas distâncias, há sinais preocupantes no sistema escolar português e não apenas na avaliação dos professores ou doutros profissionais. Dá ideia que apenas um caso extremo parará os "teóricos da selva". O drama não é apenas para quem teme "não chegar ao topo", é também para quem se aterroriza com a ideia de "sair de lá".

do ensino secundário e das coisas difíceis

15.03.18, Paulo Prudêncio

 

 

 

Já sabemos que "os nossos jovens são os campeões da ansiedade na OCDE e que estão no topo europeu em algumas adições". O modelo de acesso ao ensino superior contribui para este caso de saúde pública e contamina os ciclos escolares até ao primeiro. Ponhamos nomes às coisas: o ensino superior "resgatou" o ensino secundário. O superior demite-se da selecção de alunos e o modelo de acesso tornou o secundário numa passagem. O secundário é um ciclo sem vida própria. É uma espécie de lugar cinzento. É um estágio muito pressionante para uma dezena de horas de exame e ponto final. E mais de 50% dos estudantes que terminam o 9º ano nem a isso aspiram.

"Breve História do Tempo" - Stephen Hawking (1942 - 2018)

14.03.18, Paulo Prudêncio

a carreira dos professores é uma espécie de barco a remos ou à vela (com uma)

13.03.18, Paulo Prudêncio

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