dos exames e das desigualdades
"Apenas os jovens do agrupamento de escolas público pior classificado no ranking afirmaram não recorrer a explicações porque “a sua condição socioeconómica não lhes permitia”, conclui ainda o estudo.
O que a realidade nos mostra, é que é um imperativo de consciência treinar os alunos para que "tudo tenha sido feito" na tal décima que pode faltar no sacrossanto acesso ao superior; e isso influencia o sistema desde a entrada na escola. Aliás, as crianças já integraram as explicações como uma rotina tão óbvia como a frequência escolar e o "impensado" de as sujeitar a quadros de mérito, e a outras publicitações semelhantes, sobrecarrega a competição e acentua uma teia "invisível" de conflitualidade, indisciplina e desigualdades.
É um universo tão tristemente contraditório, que nem se trata de discutir se os alunos aprenderão mais com tecnologias e interdisciplinaridades. Só em escolas sem secundário, ou que, tendo-o, grande parte dos alunos não se imagina no ensino superior, é que há espaço para reduzir o treino disciplinar em favor de uma suposta "escola do século XXI" (um sombrio século XXI, se ficasse apenas por estes espaços). E mesmo aí, a máquina do ME, e a hiperburocracia dos excessos das ciências da educação cruzada com os atavismos das ciências da administração, tenta de imediato eliminar qualquer ousadia com uma pesadíssima quadratura do círculo que nos devia envergonhar.
Já usei esta argumentação em inúmeros posts.