as minhas calças brancas parte I
Não, não, não, vou começar de novo.
Estava aqui a tentar ouvir o som dos meus pensamentos . O som dos meus pensamentos?!
Não, não, isto ainda não está suficientemente claro.
Não desista, meu caro leitor. Por vezes, o que é difícil é começar. Tomar-lhe o jeito. Depois, tudo flui. Estou aqui a reflectir sobre duas categorias imensas: a morte e a consciência moral. Tão imensas que por causa delas o Homem criou leis na terra e no céu para que com as diferenças não se fizesse apenas tragédia. Dificílimo tem sido o caminho.
Exercitando dificuldades sobre dificuldades, para que com a escrita se atenue alguma escuridão, ambiciono relacionar as categorias convocadas. Já está melhor? É capaz de me dizer que este assunto não promete? Claro que não é capaz. Tenho até a intenção de o abordar em poucas palavras.
Ora leia, se faz o favor.
Eu sei que poderia trazer à liça os círculos do inferno de Dante Alighieri, tão divina continua a comédia das vidas terrenas, já que este poeta do século XIII, um piscar de olhos, deixa qualquer outra tentativa desarmada.
Faria aqui o ponto final e ficávamos os dois descansados: eu e o caríssimo leitor, entenda-se.
É isso. Vou pela metáfora. Não deixo de lhe dizer que preferiria que não me conhecesse pessoalmente. Se chegou até aqui só me posso desfazer em vénias. Nem sei para que é que estou com tantas questões prévias, já que o texto, uma vez publicado, já se sabe: ganha as asas que a cabeça de cada leitor quiser.