O DN destaca "que nunca houve tão poucos professores a pedir a reforma" e identifica as causas: aumento da idade da reforma para os 66 anos de idade e fortes penalizações para as reformas antecipadas. Num grupo profissional que se reformava entre os 56 e os 58 (52 no pré-escolar e 1º ciclo), e com 35 anos de serviço, existia um sistema justíssimo de redução da componente lectiva com a idade que foi "precarizado" em vez de consolidado. Resultado: temos um corpo docente envelhecido e exausto (há inúmeras escolas em que os mais jovens têm mais de 40 ou 50 anos de idade) e um desemprego jovem altíssimo.
Numa altura em que regressa, e muito bem, o ensino nocturno, ouvi uma história lapidar. Quem foi docente nesse nível beneficiava de fortes reduções para compensar o horário tardio. Por outro lado, a redução de alunos nessas turmas, e o ambiente relacional adulto e descontraído, provocava muito menos desgaste. Mas vamos à história. Um ex-presidente de Conselho Executivo e um vereador da Educação declararam em uníssono: é inadmissível que os professores tenham reduções com a idade; ninguém trabalha 16 horas por semana. A plateia, onde estavam professores, ficou perplexa, mas esclarecida quando se percebeu a experiência dos dois "conferencistas". Leccionaram exclusivamente, e durante anos a fio, no ensino nocturno antes de ocuparem os tais cargos: o primeiro esteve cerca de 20 anos no cargo (sem turmas) e o segundo assumiu funções há menos de dez, mas, pelos vistos, encarnou de imediato o espírito dinossauro. Assim não vamos lá, realmente.