Não é apenas consensual a necessidade de um programa especial de aposentações para professores. O que também já se percebeu, é que a profissionalidade docente exige reduções da componente lectiva com a idade. Esta segunda variável, assumida até durante a ditadura, foi "esquecida" na última década: redução máxima apenas aos 60 anos (no primeiro ciclo, e julgo que também no pré-escolar, a aposentação antecipada desapareceu), aumento da componente lectiva e a componente não lectiva recheada de inutilidades que acentuam o desgaste profissional.
Discordo das classificações de corporativismo baseadas nos excessos que ocorreram. Os excessos eliminam-se sem baixar o nível e estão associados a todas as profissões. O discurso ainda mais difícil de perceber tem origem em professores mais jovens que discordam que um professor acima dos 50 anos de idade (e aos 27 anos de serviço, como era o caso) leccione 14 aulas por semana e beneficie de redução da componente lectiva para o exercício de cargos. Acham que isto é corporativo e escrevem-no como um acto de coragem que fará sorrir a malta envolvida no Panamá Leaks. Mudarão de opinião quando a sua idade avançar e talvez nessa altura compreendam o número elevado de baixas médicas que se regista há anos a fio e entendam o clima de burnout que se generalizou numa classe profissional com uma elevada média etária.