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Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

duas perplexidades na educação

06.04.16, Paulo Prudêncio

 

 

 

Na Suíça referendou-se a proibição dos imigrantes usarem o corta-unhas na sala de estar (a sério que sim; mas não fui ver como controlaram a proibição), mas, ao que saiba, nunca referendaram as lavandarias de dinheiro que por lá funcionam nem o uso e abuso dos offshores por parte da totalidade dos seus bancos.

 

O exemplo "a-estratosfera-afinal-é-acessível" é ubíquo.

 

Por cá, e no sistema escolar, li, perplexo, duas decisões:

 

O Governo quer que os jovens do secundário e do terceiro ciclo decidam sobre uma verba dos depauperados orçamentos escolares. A ideia de orçamento participativo (que existe nas crises graves das democracias representativas e que não se justifica nas democracias directas ou é redundante nos sistemas com muitos referendos como na Suíça) aplicada desta forma ou é consequente na recuperação da democracia nas escolas ou será considerada uma decisão de juvenis inexperientes ou estratosféricos.

 

A intenção de aplicar um regime especial de aposentação para os professores foi apoiada pelas mais diversas instituições, desde sindicatos a partidos políticos e passando por comissões especializadas da Assembleia da República. Houve um natural consenso. A proposta foi considerada sensata e justa. Só existiu uma voz contra. Tratou-se de uma organização de professores, o Conselho de Escolas, criada no mandato de Lurdes Rodrigues e composta por dirigentes escolares em exercício. Argumentaram com a desigualdade em relação a outros funcionários públicos. É, no mínimo, estranho.

 

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boreout (5) a neuropediatria

06.04.16, Paulo Prudêncio

 

 

 

Bem sei que é sempre necessário um olhar pragmático e que o sistema escolar está cansado das receitas vindas de fora. Mas não é avisado afirmar que estamos no fim da história. Luís Borges, um neuropediatra, toma posição sobre a escola-indústria (embora remeta o cerne da questão para os insuportáveis cadernos de encargos da formação de professores e das responsabilidades escolares e inclua ligeiramente a organização das sociedades): "encurtava as aulas, multiplicava os intervalos, mudava as metas curriculares, dava aos professores mais formação na área das neurociências e garantia aos miúdos mais tempo para brincar. Se pudesse, o neuropediatra Luís Borges mudava a escola. E medicava muito menos."