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Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

Almodóvar no Panamá?!

04.04.16, Paulo Prudêncio

 

 

 

Não gostei de Pedro Almodóvar aos papéis no Panamá. Já li umas justificações no El País. Acompanho há muito, e com muito interesse, o cineasta e recordo-me dos seus ataques ferozes ao capitalismo desregulado e aos offshores. Veremos como se explica. Mas tudo isto não significa que não canse um bocado o lançamento de pedras à esquerda e à direita. A superioridade moral na humanidade não me parece que dependa da ideologia. Há corrupção onde há humanos. É evidente que o capitalismo desregulado mostra que é ainda mais propício às fragilidades de carácter e que não olha a ideologias; digamos que é corrupção a eito.

 

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recuemos a 2013 para explicar a polémica dos alunos por turma

04.04.16, Paulo Prudêncio

 

 

 

Têm-me solicitado que explique melhor os mais 750 milhões de euros por ano motivados pela redução de alunos por turma.

 

Imaginemos que, em 2013, Nuno Crato não era ministro e se candidatava a director de uma escola. Com o modelo em curso, Nuno Crato, para quem "uma turma com 30 alunos pode trabalhar melhor do que uma com 15. Depende do professor e da sua qualidade", teria todo o apoio do MEC, e bastava-lhe o de uma minoria da "comunidade escolar", para constituir turmas com esse número; e até por excesso e nunca por defeito, naturalmente. Beneficiaria de todas as possibilidades legais para "obrigar" os professores às suas descobertas. É precisamente por causa de casos destes, em que Portugal é fértil, que deve existir um limite máximo legal de alunos por turma.

 

A estimativa de custos da página 45, os tais 753.290 milhões, do estudo do CNE, carece, desde logo, da observação de uma passagem de Adam Smith (2010:80) em Riqueza das Nações: alunos não são alfinetes.

 

Se usássemos uma regressão linear múltipla e se considerássemos os alunos por turma a variável dependente e incluíssemos o número de salas, de escolas, de professores por turma, de alunos por escola e por ano de escolaridade, de professores com insuficiência de serviço e por aí fora como variáveis independentes, verificaríamos da complexidade de se chegar a conclusões numéricas como as que são apresentadas no estudo do CNE.

 

O estudo tem a virtualidade, da página 30 à 41 no capítulo 5, de explicar a sensatez que é reduzir gradualmente o limite máximo de alunos por turma e até de acordo com o parágrafo da página 6, da autoria de David Justino, que é mais avisado do que as conclusões da página 45: "(...)A manutenção do controlo burocrático e centralizado da constituição de turmas deveria naquele contexto dar lugar a um critério mais geral de distribuição de recursos cuja afetação seria da inteira responsabilidade das escolas e agrupamentos, em função das características dos seus alunos e das opções de desenvolvimento educativo consagradas nos seus projetos educativos(...)".

 

A lei em vigor estabelece um limite máximo que não é cumprido pela maioria das turmas dos diversos ciclos, como é o caso que apresento no gráfico que acompanha o post. Se Nuno Crato, por absurdo, dirigisse todas as escolas do país, usaria a metodologia do estudo do CNE, encheria as turmas de acordo com a lei que fez aprovar, cortaria mais uns 10 a 20% no depauperado orçamento da Educação e teria direito a umas belas férias no Panamá financiadas pelas farmacêuticas da área da burnout.

 

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boreout (3) a escala e os horários

04.04.16, Paulo Prudêncio

 

 

 

Quem se dedica aos horários escolares tem muitas variáveis a considerar. As pedagógicas ocupam um lugar cimeiro, que vai da articulação com os transportes escolares ao tempo dos recreios, passando, naturalmente, pelas melhores condições de realização de cada uma das aulas. O aumento da escala, com os mega-agrupamentos associados ao modelo de gestão em curso, dificulta a construção de horários que não obedeçam a uma homogeneização nas diversas escolas agrupadas. Como a tipologia das escolas inscreve alunos com necessidades horárias muito diferentes, a homogeneização impede a diferenciação horária como variável fundamental para reduzir os efeitos da escola-indústria.