É antiga a crítica à escola-industria e muito raramente as escolas que conhecemos escapam à normalização de horários, de currículos e por aí fora. É um assunto muito interessante, que está sempre à mercê de "cíclicos inventores da roda" e que exige muitos caracteres. Decidi dividir em capítulos a partir da síndrome de boreout (tédio no trabalho) que atinge os profissionais da Educação mas também, e de acordo com OMSáude, os alunos com particular incidência os adolescentes portugueses.
Nos últimos dias mediatizaram-se boas experiências de escolas que eliminaram as tradicionais campainhas. É uma decisão que conheço bem e com muito bons resultados. Tem um alcance que influencia uma série de variáveis, a começar pela responsabilidade associada à autonomia e à elevação do clima de confiança. Se pensarmos no que existe em Portugal, com aulas de noventa minutos (a experiência, também a que vivi, iniciou-se em 1998, mas era possível nas tradicionais "aulas de 50 minutos"), podemos questionar: estão todos os anos de escolaridade nas mesmas condições para este tempo de aula e mesmo as diversas disciplinas de um mesmo ano ou todas as aulas do mesmo professor a uma determinada turma? É certo que não. Eliminar toques e deslocar o intervalo para a conveniência pedagógica e didáctica da responsabilidade de cada professor tem as vantagens que se queira imaginar para além de suscitar uma quebra de rotinas e uma "abertura" para a integração de novas ideias didácticas sem "beliscar" a leccionação dita mais tradicional. Olhando para a imagem, os picos de aprendizagem distribuem-se e o ambiente escolar elimina os momentos de saturação nos diversos serviços; a segunda variável tem resultados garantidos.