da queda dos salários e do liberalismo
Já Adam Smith via a queda dos salários como um decisão circunscrita às leis e à política. Os salários não caem porque a sociedade empobreceu primeiro. Se analisasse o que se passa em Portugal, seria tão taxativo como Joseph Stiglitz: há uma transferência inédita de recursos financeiros das classes média e baixa para a banca desregulada e é esse radicalismo que provoca o empobrecimento.
Os adeptos das políticas do Estado mínimo, que invocam o liberalismo e Adam Smith para justificarem a queda dos salários como uma consequência do empobrecimento da sociedade, eram mais precisos se remetessem a tese para os "soldados" do Goldman Sachs. Como à frente se verá, a queda dos salários tem que ser acompanhada pela queda dos lucros e das rendas e, naturalmente, por uma perigosa deflação.
A queda dos salários está a provocar a subida dos lucros e a manutenção das rendas (estude-se a EDP ou as PPPs). Não será por acaso que os orientais adquirem rendas (no caso EDP os chineses traziam a lição bem estudada e conheciam o fundamental dos aparelhos partidários) e não se metem nos casinos das dívidas públicas como os investidores ocidentais.
Adam Smith (2010:171) em Riqueza das nações, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa.
3ª edição. Reescrito.