Nuno Crato, "O fiasco", é o único responsável?
Sim e não. É o principal responsável pela examinite que deixa alunos mais de quatro meses seguidos sem aulas, mas não é o único, nem o principal, pela concursite (a procissão ainda nem saiu do adro) que mereceu o recente destaque da primeira página do Expresso sobrepondo-se à grave crise europeia, às sondagens das legislativas, à corrupção no Brasil que envolve políticos portugueses ou às novas revelações do caso BES.
A examinite foi ao jeito obsessivo que os eleitores portugueses apreciam: só que Crato, "O fiasco", desconhecia que exames exigem salas sem aulas, vigilantes sem alunos, secretariados de exames sem alunos, agrupamentos de exames sem alunos e correctores de exames sem alunos.
A concursite foi administrada pelo secretário Casanova do CDS e atingiu o cúmulo no início do ano lectivo que agora termina.
Como Passos é também obcecado, e como lhe devem ter dito que se mentir muito pode vulgarizar a coisa e ter mais votos em campanhas lusitanas, assumiu o leme do caos (as pessoas que debandaram dos concursos no MEC devem ter deixado o processo quase terminado para as listas de anteontem) e esbanjou capital da almofada em empresas externas por causa das eleições. É o que o Expresso quis dizer. Os seus jornalistas não ensandeceram, mas não deixou de ser cómico o silêncio de comentadores e escribas vários e até de defensores das causas educativas mas que também foram picados pela clubite eleitoral. Como se vê, portanto, Crato fez o que fez porque o deixaram.