blue jasmine
Blue Jasmine está longe dos melhores filmes de Woody Allen, mas é oportuno.
Através da queda sem fim de um super-rico de Nova Iorque, o realizador faz a "narrativa" da desgraça do modelo corrupto norte-americano que a Europa importou. Nem a mítica Holanda, que até fornece o presidente do eurogrupo, como paraíso da lavagem de dinheiro escapa a Woody Allen.
A queda do modelo ocidental parece irreversível e Portugal não escapa à voragem. É evidente que, e pensando até na irrevogável finitude, cada um dos ocidentais tem sempre alternativas. A felicidade não depende apenas da quantidade de matéria. Mas a questão mais preocupante, como o Paulo Guinote retrata aqui, é o destino colectivo e o progresso das democracias.
No caso português, é hoje irrefutável o descrédito e o desnorte dos partidos do arco do poder. A corrupção associada à captura do Estado foi arrasadora e a luta de grupos dentro desses partidos está ao rubro.
Já ninguém contesta que a democracia representativa entrou mesmo em crise. Há uma oposição institucional que vai estruturando os protestos e existe uma franja não organizada que está num impasse. A ideia de conjugar a revolta com a violência vai-se alastrando pelos lados mais impensáveis. Isso é também incontestável. Quem não faça parte dos beneficiários do "regime", só aponta uma alternativa: combate à corrupção. Como é que isso se faz sem violência é a equação mais difícil, uma vez que uma boa parte do chico-espertismo vai passando pelos pingos da chuva e teima em não sair da estratosfera.