Quando, em meados de Junho de 2012, Nuno Crato executou os cortes a eito que provocaram um despedimento colectivo de milhares de professores contratados e a humilhação de outros milhares de professores do quadro, as organizações de professores ficaram "desarmadas". O calendário não permitia acções de luta contundentes.
O ano lectivo foi decorrendo e o ministro Crato não cessou de dar asas ao seu baralhado quadro conceptual. Foi apoiado pela jocosidade dos seus companheiros de tragédia que não se cansaram de espezinhar (estou a pesar muito bem) a dignidade dos professores portugueses e as inalienáveis conquistas da escola pública.
Só que os professores têm uma força surpreendente depois de anos a fio neste registo. E foram respondendo. Que ninguém se iluda. Ninguém mais do que os professores desejaria um sistema escolar esperançado e um período de exames tranquilo e centrado no essencial. Mas não é possível. Se as marcas da soberba e da tortuosidade dos tácticos são profundas, a resposta dos professores indica que continuam com os pés bem assentes na terra e com o olhar nas estrelas.