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Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

economia invisível

03.03.12

 

 

 

 

 

William Brian Arthur, um economista de 66 anos nascido na Irlanda, escolhe como principal preocupação a economia invisível. Diz que "é mais facil falar contra a China do que sobre a economia invisível" numa afirmação que reafirma a falha flagrante dos seus pares e que torna cada vez mais credível este tipo de preocupações. Há uma sensação de inexplicável nos tempos que vivemos e em que os cortes salariais e os aumentos de impostos parecem limitar-se a transferir, como nunca na História, recursos financeiros das classes baixa e média para a alta.

 

"A "segunda economia" é o tema de eleição de William Brian Arthur(...). Esta "segunda economia" nada tem a ver com a economia paralela ou subterrânea que o PIB oficial dos países não capta. Mas, na realidade, é uma dimensão paralela e é invisível para os políticos e para a maioria dos economistas profissionais. Os políticos tendem a culpar a deslocalização para as economias emergentes que a segunda fase da globalização, desde os anos 1980, beneficiou amplamente. A China é o primeiro país que surge como culpado, a fábrica do mundo que fez uma razia entre os fatos de macaco do ocidente; depois a Índia nos colarinhos brancos agarrados aos teclados de computador e a engendrar algoritmos. Mas, mais profundo, a minar a estabilidade de emprego nos países desenvolvidos, é o vírus da desmaterialização progressiva da comunicação, de processos, de fluxos, de produtos e de serviços - esta tal segunda economia(...)"

faces do mal

03.03.12

 

 

"Recentemente, um ministro ofereceu-nos um perfeito exemplo da tese sobre a banalidade do mal de Hannah Arendt. Suportado por um documento programático assinado pelo Governo português com instâncias financeiras e políticas internacionais, apresentou um documento legal que, na prática, inibe a possibilidade de um número superior de transplantes nos hospitais públicos, o que significa, segundo uma técnica superior que de imediato se demitiu, que "haja doentes que se podem salvar mas que vão morrer porque o país esta em dificuldades e económicas" (Publico,3/9/11). Ou seja, o ministro, certamente homem de existência a mais normalizada, sem comportamento desviante, de registo criminal impoluto, porventura frequentador dos concertos da Gulbenkian ao fim da tarde, o marido mais amoroso, o pai mais extremoso, o crente mais devoto, o cidadão mais pacifico e cumpridor, sente-se habilitado, como Adolfo Eichmann, a cometer os actos mais violentos e bárbaros desde que a sua acção se encontre legitimada por um sistema social e político ou uma teoria filosófica ou religiosa - é a "banalidade do mal", prosseguida por homens normais, sem aleijões psíquicos, entorses sociais de infância ou traumas psicanalíticos. A acção deste ministro evidencia-se hoje como a face do mal - homens "bons", no Governo, na direcção de grandes empresas, de grandes instituições, praticam o mal com o à-vontade próprio de quem está praticando o bem. Sabemos onde tudo isto vai acabar (...)"

 

Miguel Real (2011:13).

"Nova teoria do mal".

Lisboa. D. Quixote