A discussão sobre a organização administrativa do país é nuclear. A babilónia que origina que um mesmo centro urbano pertença a áreas geográficas diferentes ao gosto dos sub-sistemas do Estado é a causa principal do nosso desgoverno. É moderno e razoável que um país tenha um quadro de divisão administrativa e Portugal tem mais de quarenta. Ouvi há pouco, numa estação da rádio, o social-democrata António Capucho afirmar que o ministro Miguel Relvas não tem condições para orientar a reorganização em curso.
Para além da capital, vivi em Trás-os-Montes, no Minho, no Douro Litoral, no Alentejo e na Estremadura. À excepção de Lisboa, encontrei duas comprovadas irritações: a incerteza da identidade local e o centralismo da capital.
Quando, em 2004 salvo erro, um amigo me convidou para assistir a uma conferência sobre a divisão da moda na altura, comunidades urbanas e por aí fora, aceitei com interesse. Não aguentámos até ao fim e saímos envergonhados. Sem qualquer gosto pela fulanização, o conferencista, o governante Miguel Relvas, era inclassificável. Caiu pouco depois numa sucessão de casos com membros do mesmo Governo que não me admiraram por raciocínio de indução.
Foi com espanto que verifiquei que Miguel Relvas era uma espécie de número dois do actual governo e que tinha a incumbência de dirigir uma tarefa nuclear. Para me deixar ainda mais perplexo, só faltava que os mandatários da candidatura do primeiro-ministro a presidente do seu partido fossem caciques comprovados.