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Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

quem

28.01.12

 

 

Quem vive, em ambiente de liberdade, com a coluna vertebral "dobrada", dificilmente a endireitará quando os direitos cívicos forem confiscados, disse o meu amigo quando se despediu depois de me emprestar um livro.

 

Peguei na obra e lá dentro tinha um pequeno bilhete que dizia assim: "Um estado totalitário é, com efeito, uma teocracia, e para manter a sua posição a casta governante tem de ser considerada infalível. Para fazer parte de uma mentalidade totalitarista, não é necessário usar uniforme ou andar com um bastão ou usar um chicote. Basta desejar a própria submissão e deleitar-se com a sujeição dos outros".

 

Dei uma volta pela blogosfera e encontrei, aqui, um post muito interessante a propósito destes assuntos.

negociações

27.01.12

 

 

O governo e os sindicatos de professores estão sentados na mesa de negociação. A FNE divulgou ontem a seguinte informação:

 

"O secretário de Estado do Ensino e da Administração Escolar, João Casanova de Almeida, assumiu o compromisso com a FNE de manter os concursos anuais de contratação de professores e que vai ser respeitada a lista graduada dos docentesA garantia foi dada hoje, durante uma reunião para iniciar o processo de revisão do atual regime de administração das escolas."

morte de judas

27.01.12

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Tentarei não perder.

 

MORTE DE JUDAS de Paul Claudel 

Um espectáculo de Dinarte Branco, Luis Miguel Cintra e Cristina Reis

 

"Em fim de Março do ano passado o Teatro da Cornucópia levou à cena um espectáculo que não estava previsto na programação do ano: o monólogo MORTE DE JUDAS de Paul Claudel, interpretado por Dinarte Branco. Esse espectáculo, que se apresentou como um trabalho de Cristina Reis, Dinarte Branco e Luis Miguel Cintra,extremamente austero na sua concepção cénica, teve uma óptima recepção do público e deu a possibilidade a Dinarte Branco de realizar um trabalho de interpretação extraordinário. A versão da traição de Judas que o próprio Judas enforcado apresenta ao público, pouco canónica mas de um catolicismo exemplar, surpreendentemente tocou fundo o público que pôde assistir a essas representações.

Enquanto o Teatro da Cornucópia começa a ensaiar aquilo que será a sua primeira e mais ambiciosa produção de 2012, (FINGIDO E VERDADEIRO, a partir de LO FINGIDO VERDADERO de Lope de Vega), MORTE DE JUDAS volta à cena de 19 a 29 de Janeiro no Teatro do Bairro Alto para mais uma série de 10 representações."

 

listas de pessoas

26.01.12

 

 

 

 

 

Olho para a regulação do que existe e interrogo-me: vamos a caminho de que tipo de sociedade?

 

"(...)O activista começou a registar as coisas trazidas por Voschev, organizando uma coluna especial à parte sob o título "Lista do proletariado mortalmente liquidado pelos kulaks como classe, em conformidade com os restos materiais abandonados". Em vez de pessoas, o activista inscrevia vestígios de existência: alpercata do século passado, brinco de estanho da orelha de um pastor, perna de calças de linho grosseiro e outro equipamento de um corpo trabalhador mais indigente. (...)".

 

 

Andrei Platónov (2011:144), 

"A escavaçãoAntígona

os jovens e a auto-estima

26.01.12

 

Alunos que chumbam têm auto-estima mais alta do que os que passam com más notas

 

A propósito da investigação noticiada, lembrei-me deste post de 7 de Maio de 2004. Escrevi assim:

 

Não foi fácil. Só ao terceiro encontrei a auto-estima. Passei pelo que estava mais à mão, o da Porto Editora, um só volume, e nada. Fui ao grande dicionário da língua portuguesa, do Círculo de Leitores, seis volumes, e zero. Não desisti. Recorri ao Houaiss da língua portuguesa, também do Círculo de Leitores, seis volumes, seguramente os mais pesados e por isso ficaram para o fim, e lá encontrei: “qualidade de quem se valoriza, de quem se contenta com o seu modo de ser e demonstra confiança nos seus actos e julgamentos”

 

A minha dúvida não estava tanto no significado. Situava-se mais na questão da palavra composta o ser por justaposição ou por aglutinação; ter ou não hífen. Neste caso tem, porque, e muito justamente, o sujeito até pode não ter muita estima por si próprio.

 

Ouvi hoje uma notícia surpreendente: um conjunto de sábios comprovados, ao que julgo saber afectos à maioria que nos desgoverna, vai discutir o porquê da baixa auto-estima dos portugueses. O painel inclui: Marcelo Rebelo de Sousa, Clara Ferreira Alves, Vasco Graça Moura e António Borges, que julgo que seja um empresário bem sucedido. Espera-se que, depois da mesa-redonda (por justaposição porque existem mesas que não são redondas), a auto-estima dos conferencistas suba em flecha.

do supremo, dos sabotadores e dos ovos

26.01.12

 

 

Portugal multado por causa de gaiolas de galinhas poedeiras 

 

 

Esta notícia recordou-me este post, que fiz há pouco tempo, e que diz assim:

 

 

Sabotadores.

 

- O proletariado tem o dever do movimento - informou o activista -, e tudo aquilo que ele encontra pelo caminho é seu: seja a verdade, seja uma peça roubada a uma kulak, tudo vai para o caldeirão organizativo; não reconhecerás nada. E as galinhas apalpaste-as?

- Passei toda a noite a apapá-las, nenhuma delas tem ovo.

O actvista concentrou-se; os seus assistentes também ficaram identicamente pensativos: poderia uma ave ser cúmplice dos kulaks?

- É preciso preparar todas as galinhas, matá-las e comê-las - declarou um dos membros do corpo de activistas depois de ter reflectido.

- E reparaste nos galos? - perguntou o activista.

- Não há galos - disse Voschev. - Um homem que estava deitado no pátio disse-me que tu comeste o último galo numa ocasião em que percorrias o kolkhoze e de repente sentiste fome.

- Importa-nos esclarecer quem comeu o primeiro galo, e não o último - declarou o activista.

- Como é que ele morria por si mesmo? - surpreendeu-se o activista- - Achas que é um sabotador consciente para morrer num momento destes? Vamos fazer um interrogatório abrangente: a base aqui deve ser outra.

Todos se levantaram e foram procurar o pérfido sabotador que, para sua própria alimentação, exterminou o primeiro galo. Voschev e Tchíklin também seguiram atrás do activista.

- O caso é sério - dizia Tchíkilin. - Sem ovos as crianças definham e não chegam a adultos!

- É claro - conformou Voschev, mas ele próprio se atormentava, porque aceitaria viver até à morte sem um ovo de galinha, em troca de conhecer o mecanismo essencial ao mundo.

 

 

Andrei Platónov (2011:93), 

"A escavação" Antígona


da ligeireza (2)

26.01.12

 

 

A frase "É mais correcto falar em ignorância do que em conhecimento quando nos referimos à forma como cada um aprende e é por isso que é ainda menos rigoroso hierarquizar os modos de ensinar um qualquer conteúdo" pode ser um ponto de partida para a discussão de uma série de assuntos relacionados com o sistema escolar.

 

Outra existência confirmada, mesmo que se considere que há quem vá para além do exercício de indução, é a era da globalização. Os tempos incertos que vivemos estão associados às tecnologias da informação e da comunicação e às suas redes.

 

Toda a emancipação que se exija num sistema escolar - e isso é fundamental - remete também para o que foi escrito e para a ideia de possibilidade.

 

Desde há muito que a interdisciplinaridade é perseguida pelos sistemas escolares. A sua implementação como locomotiva curricular é que pode ser desastrosa. Para se contrariar a tese de que tudo o que é transversal se dilui e se perde, atribuíram-se horas curriculares a actividades como a área de projecto.

 

Convenço-me, e por ter referido o exercício de indução, que o ensino das artes e das tecnologias da informação, e de algum modo a ideia de área de projecto, são essenciais à construção do ambiente de inovação e de apreensão do novo que importa proporcionar nas escolas. Para isso, os sistemas de informação dessas organizações necessitam de se libertar de inutilidades de má burocracia como os projectos curriculares de turma ou a aferição de competências transversais. Foram procedimentos desse género, que nasceram fora da sala de aula e que nunca lá conseguiram entrar, que nos empurraram para onde estamos. Poderá ser ligeiro e regressivo eliminar o que existe sem tocar na má burocracia. Limitarmo-nos à regulação é insuficiente quando o mundo é global, emancipador e funciona em vórtice informacional.