As políticas educativas dos últimos governos do PS tiveram uma matriz comum com graves consequências. As comprovadas inadequações vão do estatuto da carreira dos professores (professores titulares, por exemplo) à acentuação dos efeitos da reorganização curricular de 1998, passando pelo estatuto do aluno, pela avaliação dos professores, pela recuperação das ideias mais nocivas dos modelos de gestão escolar e por aí fora.
Falar da gestão escolar propriamente dita é uma novidade. Há aspectos que se devem sublinhar: as organizações modernas tudo fazem para não necessitarem da forma de centralidade espacial. A supressão do centro, ou das funções que ainda recentemente lhe estavam atribuídas, é um produto do elevado poder das redes de informação e da sua forte ubiquidade, que impedem que um qualquer lugar esteja privilegiado perante outros. É precisamente por isso que tanto se busca a redução dos patamares das organizações (downsizing) e se procura a legitimação das lideranças pelos seus pares; mais ainda nas organizações escolares, onde o topo da pirâmide é a sala de aula. É bom nunca esquecer o óbvio: sem alunos não há estabelecimentos de ensino.
Foi com esses argumentos que alguns contestaram os modelos de gestão escolar que Portugal adoptou em 1998 e acentuou negativamente em 2009. A avaliação dos elementos da gestão escolar pelos directores regionais é mais um tique do passadíssimo taylorismo. A estrutura do MEC e o modelo de gestão escolar (onde se evidenciam órgãos e mais órgãos sem agenda produtiva) são casos de estudo e patologias.
Não se pode acusar uma parte dos professores de não terem avisado. Muitos com custos pessoais que estão por contar. Se hoje não há professores titulares, se a avaliação do desempenho sofreu uma abalo severo de credibilidade e se outras políticas estão apenas ligadas a uma máquina de sobrevivência, tal deveu-se a uns quantos. A gestão escolar podia ter seguido o mesmo caminho se os actores tivessem tido coragem; e conhecimento?
Houve uma parte significativa de presidentes de Conselho Executivo, ou de outros actores, que encolheram os ombros ou aproveitaram uma oportunidade única para tratar da vidinha. É por isso que as declarações de revolta que se vão lendo soam a ridículo e recebem uma reduzida solidariedade da comunidade educativa.
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