a descer
Portugal entrou num processo de queda sem fim? Os sinais começam a evidenciar o que em 16 de Abril do ano passado escrevi aqui. A obstinação dos governos com o modelo de avaliação de professores, colocando-o como ponto central da governação do país, só podia servir de cortina de fumo para algo preocupante. Não se perdoa aos que perpetraram a farsa, mas também aos que fizeram um coro comprometido. Sabiam que era outra a verdade, mas estavam acomodados aos mesmos privilégios.
No estado em que estamos, é difícill inverter a queda e manter o sistema que a originou. Exige-se uma qualquer refundação e recordo um parágrafo de um texto de José Bragança de Miranda.
"A imagem da queda é das mais profundamente incrustradas na cultura ocidental, tendo uma remota origem teológica, mas também correspondendo ao desejo milenar de escapar às forças gravitacionais que fazem cair todos os corpos para a terra. A queda era então um momento, talvez dramático mas provisório, da ascensão ou elevação. Na modernidade a imagem da queda sofreu uma mutação considerável. A leitura do conto de Poe, Descida ao Maelstrõm, serve de pretexto para apreender tal metamorfose, cuja compreensão se torna mais imperativa no momento em que se vai impondo uma cultura da "imaterialização" ou do "incorporal."