Não acredito que um professor com pelo menos duas décadas de serviço docente, com várias turmas por ano lectivo e que tenha realizado um exercício dedicado e profissional, possa advogar o fim do direito de redução da componente lectiva à medida que a idade vai avançando. É insano e ponto final. Quando leio professores a proporem coisas assim, belisco-me sempre. A humanidade é feita de avanços e recuos, sabemos isso. Também conhecemos a falência em que estamos, mas é importante tentar garantir alguma sanidade; mesmo que nos chamem corporativos.
Há, nesse domínio, um problema grave por resolver com os colegas do primeiro ciclo e com os educadores de infância. Estes profissionais só não têm redução da componente lectiva com o avanço da idade porque não há vontade e porque o nivelamento português é por baixo até à bancarrota. É possível fazer melhor com os recursos existentes e nem é curial aumentar a despesa. É preciso estudar e ter ideias civilizadas de gestão das pessoas.
O resultado da desfaçatez destas políticas tem sido óbvio: fuga com penalização e um mergulho na ingratidão e na memória curta. A crise não pode permitir a defesa da regressão civilizacional. Quem tanto criticou os antecessores não pode agora advogar as mesmas receitas. Se alguém tem de o fazer, que não sejam professores os proponentes.