dos formatados
O deputado Pacheco Pereira votou contra a suspensão da avaliação de professores. É a democracia. Esse facto legitima os que defendem que interessou mais a queda do monstro, e o abalo nas ideias subjacentes, do que as cores partidárias que votaram nesse sentido. Se os democratas que apareceram a defender a manutenção do desmiolo o estudassem bem e tentassem perceber o que se passou na France Telecom, talvez se arrepiassem com o que andam a afirmar. A história e o tempo talvez se encarreguem da elucidação.
Os argumentos do deputado do PSD revelam algo que já se suspeitava: há um conjunto de políticos de antiga influência que estão a ver a realidade a fugir-lhes entre os dedos; já foi assim com as análises à geração à rasca e regressa agora. A visão maniqueísta dos bons governantes e dos maus sindicatos é uma disquete do passado. Pacheco Pereira declarou que votou contra para não ver os sindicatos a mandarem de novo nas escolas. O deputado está tão formatado que nem percebeu o que se conseguiu; apesar dos sindicatos, votou-se o fim daquela avaliação. O problema português é também geracional: a das benesses ilimitadas deve ser muito mais humilde para não ficar mal, de vez, na fotografia.