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Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

de maneiras diferentes

27.02.11

 

 

São muitos os que me escrevem para o mail a propósito dos posts deste blogue. Não sei porquê, mas evitam a exposição no espaço de comentários. Há um ou outro caso que recorre ao facebook. Não concordam com as posições dos professores, embora sejam mais críticos das posições dos sindicatos do que do conteúdo dos meus textos. Há quem se insurja contra os perigos dos movimentos que surgiram recentemente nas redes sociais.

 

Alimento a controvérsia, embora o tempo disponível não seja muito. É bom reforçar um ou outro aspecto. Não tenho filiação partidária, sou sindicalizado desde sempre porque encarei essa inscrição inerente ao exercício profissional. As ideias que defendo estão patentes neste blogue e partilho das preocupações dos bloggers meus colegas que se interessam pelo poder democrática da escola. Aproveito para esclarecer, que esse poder democrático começa por não defender a privatização de lucros no ensino e por inscrever a igualdade de oportunidades no acesso a um ensino de qualidade. A recente tentativa de proletarização da actividade dos professores é outro dos pontos do caderno de encargos.

 

Não advogo qualquer anarquia e defenderei a democracia até onde for capaz. Não me peçam é que essa defesa se faça sem incomodidade.

é a oligarquia, estúpido

27.02.11

 

 

A frase que escolhi para título é uma formulação antiga que ganha actualidade com a inclusão da oligarquia portuguesa que se restabeleceu em plena democracia. No post, "estado sem direito" entrou um comentário de José Luiz Sarmento. Ao que me parece, este blogger é o autor da frase que escolhi para intitular este post. O comentário que inseriu merece uma leitura atenta e diz assim:

 

"O fascismo administrativo é o prolongamento lógico do fascismo de empresa que é o traço dominante do regime político português. Não se pode combater um sem se combater o outro e parece que já vai havendo quem entenda isto. As manifestações no Wisconsin são uma reacção ao ataque que o governador republicano está a tentar contra os sindicatos do sector público, com especial incidência nos dos professores. 

Nestas manifestações participam não só funcionários públicos mas também trabalhadores do sector privado e estudantes. Esta solidariedade seria impensável em 2007, mas três anos de crise e de impunidade para quem a provocou estão a tornar óbvio o que já era verdade: a oligarquia é inimiga da classe média e tem como programa exterminá-la. Inimiga de toda a classe média, e não só dos funcionários públicos ou das classes profissionais.

Por isso as palavras de ordem não são só contra o governador a quem puseram a alcunha de Hosni Walker, mas também contra os irmãos Koch, dois bilionários que financiaram a sua campanha eleitoral.

É coisa pequena, mas pode ser um precedente importante e um sinal dos tempos. Para já, as manifestações já alastraram a mais dois estados americanos: o Indiana e o Ohio. E os manifestantes estão em rede com outros manifestantes à escala planetária.

Uma maneira de os professores portugueses contribuírem para esta luta será juntarem-se à manifestação dos precários do próximo dia 12 de Março. Eu lá estarei. No meu cartaz, as palavras: É A OLIGARQUIA, ESTÚPIDO!"

 

 

12 de março e a meia-volta do medo

27.02.11

 

 

Tenho escrito alguns posts a propósito dos movimentos de cidadãos que nascem nas redes sociais. É bom que se leia o caderno de encargos destes movimentos. A "Geração à rasca" e o "1 milhão na Avenida da Liberdade pela demissão de toda a classe política" vão chegar à rua a 12 de Março. Vasco Pulido Valente é um pessimista e hoje no Público lê o estado político actual assim: "Porquê esta paz podre? Por uma razão muito simples, porque, do Presidente da República ao último militante, o país político anda cheio de medo - medo de ser, por erro ou por acaso, o responsável final pela crise e de atrair sobre si a ira dormente dos portugueses". Quem estiver atento, percebe com facilidade o pavor da oligarquia das benesses ilimitadas. O medo pode fazer uma alteração de 180 graus. 

 

 

 

os falsaportes

26.02.11

 

 

Um texto de Mia Couto; sem fronteiras e aqui.

 

"O argumento da raça ou da tribo é um expediente fácil de usar, não precisa de manual de instruções e pode ter efeitos espectaculares. Em vez de se debater ideias, abate-se o outro. A manipulação deste tipo de fantasmas pode maltratar qualquer veleidade crítica em Moçambique..(...)"

afirmar a dignidade

26.02.11

 

 

4 de Março em Sintra, 21h00

junto à Câmara Municipal

 


 

"O núcleo de Sintra da APEDE organizará no próximo dia 4 de Março, sexta-feira, pelas 21 horas, junto ao edifício da Câmara Municipal de Sintra, uma Concentração/Vigília de professores que visa reforçar e dar visibilidade pública ao sentimento geral de contestação à actual política educativa. 

As razões desta Acção de Protesto e Luta são, acima de tudo, as seguintes:


a recusa e a exigência do fim imediato da verdadeira farsa que constitui este modelo de Avaliação (?!) de Desempenho Docente,  dada a sua injustiça,  falta de rigor e seriedade, para além da profunda  incompetência técnica e delirante teia burocrática que o envolve;
o combate à anunciada constituição de Mega-Agrupamentos em Sintra, por razões meramente economicistas, situação que  irá criar ainda mais dificuldades à gestão das unidades educativas no nosso concelho (nalguns casos poderão atingir cerca de 4000 alunos), descaracterizando totalmente a identidade de cada Escola, fazendo tábua rasa da tão propalada autonomia, agravando a falta de recursos técnicos, materiais e humanos para fazer face aos problemas de insucesso, indisciplina e abandono escolar, comprometendo a qualidade do trabalho pedagógico e cooperativo dos professores (reuniões de departamento com mais de 100 professores)  reduzindo serviços e o número de funcionários administrativos, em suma, colocando em causa a qualidade do Ensino e o funcionamento das Escolas;
a resistência activa à ofensiva de precarização laboral perpetrada por este governo que ameaça lançar no desemprego, já em Setembro, milhares de professores que investiram anos e anos da sua vida num projecto, num trabalho e num percurso profissional que se vê agora criminosamente interrompido, com a eliminação/redução de Área de Projecto e Estudo Acompanhado (defendemos a redistribuição dessas horas pelos Departamentos Curriculares), extinção do par pedagógico em EVT, etc.;
a defesa intransigente da dignidade profissional docente e de uma Escola Pública de Qualidade, seriamente ameaçadas por políticos sem estatura moral e ética para conduzirem os destinos da Nação;o reforço da mobilização dos colegas (das escolas do concelho de Sintra, mas não só) no sentido de um trabalho conjunto de esclarecimento, denúncia e resistência às actuais políticas educativas. 

 

É sobretudo nas escolas que a luta tem de persistir e aprofundar-se. Para isso, precisamos de criar redes de contactos e sinergias de actuação.

 

É por estas e outras razões, que nunca deixaremos cair, nomeadamente, o combate ao  actual modelo de gestão, o reforço dos meios materiais e  humanos de apoio ao trabalho dos professores e uma resistência activa à usurpação continuada dos nossos direitos laborais, que apelamos à presença combativa de todos os colegas  nesta Concentração/Vigília de Professores, em Sintra, no próximo dia 4 de Março.

Pára de remoer a tua resignação e vem afirmar a tua dignidade!

O núcleo de Sintra da APEDE,

Ricardo Silva

Eduardo Alves

Cristina Didelet

Isabel Parente

José Manuel Faria"


campo pequeno e diagnósticos

25.02.11

 

 

 

A plataforma de sindicatos de professores faz um elenco (é bom que leia a lista toda) com um diagnóstico do estado do nosso sistema escolar. Os professores ficaram desconfiados com o entendimento de 2008 e reforçaram esse estado de espírito com o acordo de 2010. Há um princípio que não deve ser esquecido: mesmo que se perca no presente, sai-se de cabeça levantada e vence-se no futuro. Defendo que a acção terá de ser coerente e intransigente em matérias nucleares. Os professores todos, mas mesmo todos, têm motivos para descruzar os braços. Há um outro aspecto decisivo: é fundamental que haja diversidade na frente que se vai inevitavelmente erguer. Se alguém quiser levar a bandeira, sem partilha, da linha da frente, os efeitos serão reduzidos.

 

 

"12 de Março no Campo Pequeno.

 

Crescem as razões e a mobilização para os professores encherem de novo o Campo Pequeno.


As organizações que integram a Plataforma de Sindicatos de Professores reuniram e concluíram que, nunca como hoje, foram tantas e tão fortes as razões para os professores se unirem, mobilizarem e, em 12 de Março, uma vez mais, manifestarem a sua indignação e exigência.
(...)
…a vaga de desemprego anunciada para Setembro;
…o roubo nos salários;
…a crescente precariedade e instabilidade;
…o congelamento das carreiras;
…a não realização de concurso em 2011;
…a não suspensão do actual regime de avaliação;
…as quotas na avaliação – a consideração da avaliação nos concursos;
…o fim das reduções de componente lectiva para o desempenho de cargos;
…a eliminação das horas de componente de trabalho individual;
…a contínua degradação dos horários de trabalho;
…a eliminação e/ou profunda redução das horas para o desempenho de cargos de coordenação;
…a fortíssima redução de assessorias e adjuntos na gestão das escolas;
…a redução ainda maior dos orçamentos das escolas;
…a imposição de absurdos mega-agrupamentos e suas consequências;
…o regime de educação especial que afasta apoios a milhares de alunos com necessidades educativas especiais;
…as ilegalidades (despedimentos, alteração de horário e redução salarial) impostas pelos patrões do ensino privado;
…a eliminação do par pedagógico na educação visual e tecnológica;
…o fim, na prática, do desporto escolar;
…o fim, na prática, do estudo acompanhado;
…o fim da área projecto;
…a extinção prevista para Setembro, de todos os projectos desenvolvidos pelas escolas de promoção do sucesso e combate ao abandono escolar;
…a degradação das condições de exercício de cargos nas escolas;
…a transferência da contratação nos “TEIP” do orçamento de estado para fundos comunitários, bem como do ensino profissional nas escolas públicas;
…a alteração das condições de exercício da função de professor bibliotecário;
…a imposição de um calendário de exames que inviabiliza o gozo pleno de férias a milhares de docentes;
…as brutais reduções salariais impostas aos docentes ensino português no estrangeiro;
…a alteração do horário nocturno das escolas;
…a alteração do conceito e do cálculo do valor da hora lectiva extraordinária;
…os recibos verdes ilegais impostos aos docentes das “AEC”;
…as ilegalidades impostas na carreira: “ultrapassagens”, “paralisação” por ausência de legislação, entre outras;
…a falta de formação contínua gratuita;
…a progressiva fragilização dos apoios sociais aos estudantes e às suas famílias;
…a falta de trabalhadores não docentes nas escolas;
…a ausência de medidas que reforcem a autoridade do professor na escola;
…a falta de medidas preventivas à proliferação da indisciplina na escola;
…a ausência de negociação efectiva;
…a falta de política educativa!

(...)

Lisboa, 23 de Fevereiro de 2011"
 

A Plataforma de Sindicatos dos Professores