retalhos
Se o aumento dos suplementos remuneratórios a quem exerce funções de direcção nas escolas portuguesas tinha subjacente a ideia de dividir os professores, então o governo pode dar-se por satisfeito. A agenda mediática dos últimos dias foi inundada pelas notícias de redução financeira desse tipo de suplemento.
Na blogosfera, e nos jornais online mais consultados, assistiu-se a um momento de gozo e de ajuste de contas. Até as justificações das novas organizações de dirigentes escolares foram glosadas. As suas eternas ameaças de bater com a porta já não convencem quem quer que seja e não reúnem qualquer simpatia ou solidariedade.
É um dado novo no ambiente organizacional das escolas. É certo que o arquétipo do director tem, em Portugal, um conteúdo que se ridiculariza com facilidade e ninguém gosta de fazer má figura. Também se pode argumentar com a tradicional inveja dos humanos. Todavia, não é indiferente o comportamento dos dirigentes escolares no auge da luta dos professores e nos momentos mais quentes que levaram à implementação do desmiolado novo modelo de gestão.
Vai levar tempo até que a confiança se restabeleça de modo a favorecer o reaparecimento de boas culturas organizacionais. As lutas na direcção da democracia são, como sempre se soube, longas e difíceis.