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Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

a indignação que preenche uma revolta ainda silenciosa

15.12.10

 

 

Estava a conversar com duas colegas contratadas e registei a revolta contida que lhes ia na alma. Tomaram consciência que este pode ser o seu último ano de trabalho como professoras. Uma, mais jovem, pensa em emigrar com as lágrimas a encobrirem o olhar. A outra, com filhos pequenos, está a proibir-se de pensar no futuro e racionaliza um discurso ainda mais indignado.

 

O que começa a sufocar a compreensão é a intocável máquina dos partidos políticos. Da Assembleia da República às autarquias, passando pelas benesses ilimitadas na traquitana do estado e nas suas empresas, nada parece comover uma classe instalada que tenta sobreviver à hecatombe como se nada fosse com ela. É um clima inédito na história dos últimos quarenta anos e não augura nada de bom.

lamentável

15.12.10

 

 

Estes governos do PS conseguiram degradar de tal modo a imagem do estado que são poucos os que acreditam que não manipulam os dados para apresentarem resultados que encham os olhos dos votozinhos. O ensino de adultos foi uma área em que isso me impressionou muito. A boa ideia da certificação e da validação de competências (transformada em novas oportunidades) adquiridas no mundo profissional foi desvirtuada pela propaganda e conseguiu manchar todos os envolvidos. O desplante atingiu o cúmulo quando o chefe do governo discursou em cerimónias inquisidoras dos críticos com a plateia recheada de pessoas abençoadas (e muitas de boa fé, acredito nisso) pelo processo; foi um vale tudo eufórico que repugnou.

 

Com o PISA2009 acontece o mesmo. Começam a surgir vozes e mais vozes a duvidarem dos critérios da amostra. Os representantes do governo bem podem advogar com o segredo de estado. O problema é que o sentido de estado foi ferido de morte e vai levar a tempo a repô-lo.

 

Ministério não sabe que escolas participaram nos testes PISA

cartas

15.12.10

 

 

Poucos gostam de ouvir que precisavam de passar um mau bocado para valorizarem o que têm. Acontece o mesmo numa boa parte da europa com a democracia do pós-segunda-guerra.

 

São muitos os europeus que se "instalaram" na democracia e que a consideraram um valor absolutamente adquirido; ocuparam-se apenas com a vidinha e os exemplos difíceis eram para os outros. "(...) Onde há sofrimento há chão sagrado. Um dia compreenderás o que isto significa. Nada saberás da vida até que o compreendas.(...)" é o conselho de Oscar Wilde, na página 72 do De Profundis, numa carta que escreveu a quem o fez passar para o estado de miséria material.

não era comigo

15.12.10

 

 

Recebi por mail, não indica o autor e requer uma leitura atenta. O que pode acontecer no próximo ano começa a instalar um clima de medo e de apreensão.

 

 

Um dia disseram-me que iam despedir os professores provisórios. Não quis saber, não era comigo.
Mais tarde disseram-me que iam pôr 5000 professores de EVT no desemprego. Não quis saber, não era comigo.
Mais tarde disseram-me que iam pôr não sei quantos funcionários das escolas no desemprego. Não quis saber, não era comigo.
Depois soube que iam despedir os professores de EMRC. Não quis saber, não era comigo.

Depois soube que iam despedir todos os professores das artes. Não quis saber, não era comigo.
De seguida foram os professores de educação musical e educação física despedidos. Não quis saber, não era comigo.

Um dia disseram-me que iam acabar com as aulas de História e reduzir o Português, indicando-me a porta de saída. Senti-me mesmo mal e resolvi pedir ajuda aos colegas. Mas não tinha ninguém a quem pedir ajuda e lutar ao meu lado. Tinham sido despedidos debaixo da minha indiferença.

Parece-me que a situação da nossa classe está bem pior do que estava no tempo da D. Lurdes, anestesiados com as falinhas mansas da senhora que está como ministra apenas a colher material para escrever Uma Aventura no Ministério da Educação. Não sei o que vamos fazer, mas temos de fazer algo. Temos que começar a conversar e a lutar.