a última a seguir à última
A democracia portuguesa está aprisionada e poderá não sobreviver.
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A democracia portuguesa está aprisionada e poderá não sobreviver.
O fio do horizonte de Eduardo Prado Coelho era o ponto de partida diário para a edição impressa do Público; outros tempos. Resisto e mantenho o inigualável prazer da leitura do jornal numa esplanada. Só que cada vez há menos tempo e não são raros os dias que chegam ao fim com o jornal imaculado. Já não o compro todos os dias e para não obliterar o hábito ainda não assinei a edição online; a edição ipad aguça a tentação.
Mudei o ponto de partida. Miguel Esteves Cardoso, o MEC, é o escolhido. Hoje foi assim:
"É pena que mentir seja visto apenas moral ou ludicamente. Se mentir é feio ou bonito, se faz sofrer ou dá prazer: são questões que não dão o devido respeito à mentira.
É fácil identificar as situações em que sempre se mente - para bem de toda a gente, a começar pelo do mentiroso. Tem graça como aquelas em que se deve mentir e aquelas em que nos dá jeito mentir tendem a coincidir quase sempre. As mentiras não se devem confessar, porque deixam de funcionar. Mas é impossível defendê-las sem declará-las. Confessarei só uma, que pratico desde que tirei a carta de condução.
A situação é sempre a mesma. Um português, amigo ou não, fala de um sítio que é importante para ele. Menciona um lugar que tanto ama ou abomina e não descansa enquanto não nos indicar exactamente onde fica. Sem que perguntemos onde é, adianta-se, violando.nos, com a pergunta: "Sabes onde é?" Obriga-nos a responder que não. E depois começa: "Sabes onde é a Adega do Batata?"
Nós, na nossa ainda honesta inocência, dizemos que não. Sem respeito nem paciência - com desprezo até - vem a réplica, invocando um lugar que presumivelmente toda a gente tem obrigação de conhecer.
Em Lisboa, por exemplo, perguntam muito: "Sabes onde são os Cabos de Ávila?" É aí que eu minto há 40 anos. Digo que sim, para acabar com a conversa. Mas não sei. E orgulho-me de um dia morrer sem fazer ideia (ou desejar saber) onde são os Cabos de Ávila.
Mentir é poupar tempo. É um investimento."
O texto profundo de Howard Barker e as boas interpretações de Fernando Mora Ramos e de João Cardoso são os pontos altos de mais um bom espectáculo do Teatro da Rainha.
Ver teatro na antiga lavandaria do hospital termal das Caldas da Rainha é sempre um fascínio. Uma hora e um quarto, em que o palco se transforma numa barbearia, composta de mensagens que nos fazem parar para pensar. Um barbeiro que perde o filho na guerra defronta-se com o senhor das más notícias. São duas personagens que nos transportam para os eternos dilemas da condição humana, sufragados de forma insistente pela morte e pelos ideais de liberdade. É um texto que não cede ao politicamente correcto nem à facilidade. A não perder. Pode saber mais aqui.
Há milhares de professores nesta condição. Alguns com mais de dez anos de serviço ininterrupto. Serão atingidos pelas alterações curriculares que se vão suceder e é provável que uma grande parte aumente o número de desempregados.
Uma sociedade que coloca milhares de jovens adultos numa condição construída por precariedade e desemprego, é uma comunidade gravemente doente e que se deve preparar para o pior ao nível das relações sociais.
Portugal é o terceiro país da UE com mais precários