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Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

a economia de mentir

11.12.10

 

 

O fio do horizonte de Eduardo Prado Coelho era o ponto de partida diário para a edição impressa do Público; outros tempos. Resisto e mantenho o inigualável prazer da leitura do jornal numa esplanada. Só que cada vez há menos tempo e não são raros os dias que chegam ao fim com o jornal imaculado. Já não o compro todos os dias e para não obliterar o hábito ainda não assinei a edição online; a edição ipad aguça a tentação.

 

Mudei o ponto de partida. Miguel Esteves Cardoso, o MEC, é o escolhido. Hoje foi assim:

 

"É pena que mentir seja visto apenas moral ou ludicamente. Se mentir é feio ou bonito, se faz sofrer ou dá prazer: são questões que não dão o devido respeito à mentira.

É fácil identificar as situações em que sempre se mente - para bem de toda a gente, a começar pelo do mentiroso. Tem graça como aquelas em que se deve mentir e aquelas em que nos dá jeito mentir tendem a coincidir quase sempre. As mentiras não se devem confessar, porque deixam de funcionar. Mas é impossível defendê-las sem declará-las. Confessarei só uma, que pratico desde que tirei a carta de condução.

A situação é sempre a mesma. Um português, amigo ou não, fala de um sítio que é importante para ele. Menciona um lugar que tanto ama ou abomina e não descansa enquanto não nos indicar exactamente onde fica. Sem que perguntemos onde é, adianta-se, violando.nos, com a pergunta: "Sabes onde é?" Obriga-nos a responder que não. E depois começa: "Sabes onde é a Adega do Batata?"

Nós, na nossa ainda honesta inocência, dizemos que não. Sem respeito nem paciência - com desprezo até - vem a réplica, invocando um lugar que presumivelmente toda a gente tem obrigação de conhecer.

Em Lisboa, por exemplo, perguntam muito: "Sabes onde são os Cabos de Ávila?" É aí que eu minto há 40 anos. Digo que sim, para acabar com a conversa. Mas não sei. E orgulho-me de um dia morrer sem fazer ideia (ou desejar saber) onde são os Cabos de Ávila.

Mentir é poupar tempo. É um investimento."

 

a morte do dia de hoje

11.12.10

 

 

 

 

O texto profundo de Howard Barker e as boas interpretações de Fernando Mora Ramos e de João Cardoso são os pontos altos de mais um bom espectáculo do Teatro da Rainha.

 

Ver teatro na antiga lavandaria do hospital termal das Caldas da Rainha é sempre um fascínio. Uma hora e um quarto, em que o palco se transforma numa barbearia, composta de mensagens que nos fazem parar para pensar. Um barbeiro que perde o filho na guerra defronta-se com o senhor das más notícias. São duas personagens que nos transportam para os eternos dilemas da condição humana, sufragados de forma insistente pela morte e pelos ideais de liberdade. É um texto que não cede ao politicamente correcto nem à facilidade. A não perder. Pode saber mais aqui.

precários

11.12.10

 

 

 

Há milhares de professores nesta condição. Alguns com mais de dez anos de serviço ininterrupto. Serão atingidos pelas alterações curriculares que se vão suceder e é provável que uma grande parte aumente o número de desempregados.

 

Uma sociedade que coloca milhares de jovens adultos numa condição construída por precariedade e desemprego, é uma comunidade gravemente doente e que se deve preparar para o pior ao nível das relações sociais.

 

 

Portugal é o terceiro país da UE com mais precários

"Depois da Polónia e de Espanha, Portugal é o terceiro país da União Europeia (UE), que apresenta a mais alta taxa de trabalhadores contratados a prazo, de acordo com os números avançados pelo Eurostat.(...)"