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Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

mercado, mas pouco

09.12.10

 

 

 

A democracia mediatizada funciona por ondas e os picos de sinal contrário sucedem-se numa velocidade estonteante. As mais diversas agendas são condicionadas por essa voracidade.

 

A discussão à volta da natureza do ensino não superior oscila de acordo com a agenda mediática. Há uma corrente que se quer impor em Portugal: a da denominada charter school. Escolas públicas que passam a ser geridas, através de contratos com o estado, por grupos de professores ou por entidades locais. Recebem um envelope financeiro e os contratos são renovados, ou não, pelos resultados dos alunos.

 

Haverá professores das escolas públicas que aceitam o desafio. Trata-se de enfrentar uma lógica de mercado. Há, desde logo, duas questões cruciais.

  • Se no mesmo espaço geográfico a competição se estabelecer entre escolas autónomas e agrupamentos (vulgo amontoados) de escolas, o sinal de partida para o jogo meritocrático está viciado. Não é a mesma coisa estabelecer uma cultura organizacional de referência num mesmo edifício ou em vários. A sensatez na divisão administrativa do país tem de se impor.
  • A avaliação não se pode cingir aos resultados dos alunos, mesmo que ponderados noutras variáveis. Temos de ser capazes de avaliar outras dimensões da escola-organização.

A seguir à degradação organizacional das escolas públicas, que resultou dos agrupamentos e da perda de poder democrático, só faltava que se seguisse um período em que uma lógica de mercado (existe um quase mercado há muito) se impusesse com pontos de partida tão desiguais.