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Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

estado de luxo

03.12.10

 

 

 

 

 

 

Lembro-me muitas vezes destas afirmações, directamente da estratosfera, de Teixeira do Santos : "(...) que dava a vida pelas contas públicas (disse-o com ar emocionado na parte final de um programa na RTP1) e que os cortes financeiros resultantes da reorganização da máquina (desculpem o eufemismo) do estado (fim dos governos civis, diminuição de autarquias, redução do pessoal de gabinetes, não recurso do estado a escritórios de advogados e mordomias ilimitadas) eram amendoins e que o que era importante era reduzir funcionários e cortar nos salários (dito no expresso da meia-noite)(...)".

 

Alguma comunicação social fez hoje capa de uma situação que pode ajudar ao fim dos brandos costumes: os carros de luxo escapam à crise. Ouvi um especialista dizer que o último mês foi o melhor de sempre para a venda deste tipo de automóveis e que o grande cliente foi o estado. É preciso escrever mais alguma coisa?

da falência

03.12.10

 

 

 

 

 

 

O Reitor, do blogue Educação SA, dedica este post à polémica que lancei a propósito do financiamento das escolas chamadas privadas (os eurozinhos são do orçamento do estado) e da forma como essas entidades contratam professores.

 

E o Reitor fez-me rir. É um blogue que leio sempre e com muito gosto. Desta vez não responde a qualquer das questões que coloquei. É justa a privatização de lucros no ensino não superior (se fossemos um país civilizado, tirava o não superior)? É admissível que se contratem professores sem qualquer escrutínio público? A minha resposta às duas questões é não.

 

O Reitor não responde. Limita-se a usar justificações que me levam a acreditar que o Reitor acabará num belo lugar no Banco Central Europeu. Vitor Constâncio usou os mesmos argumentos para se defender no caso BPN: havia um clima de confiança, dizia ele, e o BPN pagava impostos. Meu caro Reitor: não é só de impostos que estamos a falar. É de privatização de lucros, de racionalização da despesa, de democracia, de equidade e de regulação do mercado, meu caro.

 

Em relação à contratação de professores, o Reitor socorre-se de dois aspectos: retrata como pouco eficientes os concursos para as escolas públicas e lança mão de critérios que nos remetem para os factores de personalidade dos professores.

 

Ora, que raio de argumentação. Só quero saber uma coisa: uma escola com contrato de associação com o estado, deve ter critérios públicos e transparentes para a contratação dos seus profissionais? Os argumentos do Reitor vestem que nem uma luva o despautério na contratação de assessores, e de outros profissionais, para as empresas públicas e não posso estar mais em desacordo. E podia socorrer-me de outros exemplos.

 

Começo a convencer-me que a situação é bem pior do que se podia imaginar.

excerto

03.12.10

 

 

Um post de João Bonifácio Serra, aqui.

 


"[...] Vivemos tempos inquietantes. O modelo da sociedade de consumo esgotou-se. Tanto que a minha geração a criticou, sem porventura ter podido antever o cortejo de implicações sociais que dela adviriam! E, provavelmente, sem ter sabido resistir aos cantos de sereia das suas benesses ilimitadas. Fizemos uma sociedade de consumidores com uma elite centrada em si própria e nos seus benefícios, uma sociedade que com escreveu Touraine, definiu como principal objectivo diminuir o tempo de trabalho na sua vida.
De alguma forma estamos hoje perante um desafio novo: repor a criação no lugar central da vida social. Não a inovação tecnológica, mas a inovação social e politica. Em vez de uma sociedade de consumidores uma sociedade de criadores.
[...] Oh, dir-me-ão, as coisas não são assim tão fáceis. A sociedade de consumo não criou apenas uma sociedade de consumidores, mas uma sociedade de consumidores atomizada, fragmentada, céptica em relação, ou mesmo de costas voltadas, ao espaço público. E é este afinal que temos de redescobrir e revigorar.
[...] Estamos demasiado habituados a que nos digam o que é bom para nós e o que devemos fazer para que tudo corra bem. Esta sociedade perdeu o sentido do risco e da iniciativa.
É aqui que estamos. Pedindo de novo aos intelectuais orientação e responsabilidade. Não nos omitindo. Percebendo que a República precisa mais de nós que nós dela."