inacreditável
A nossa sociedade está doente e o sentido de estado conhece maus exemplos. A propósito da notícia à volta das progressões dos professores e dos aumentos supostamente indevidos, vem o presidente da Associação Nacional de Dirigentes de Agrupamentos e Escolas Públicas dizer que a culpa é dos antecessores dos directores. Até dá vontade de rir. Para além da maioria dos directores escolares serem os mesmos que exerciam os cargos de presidentes de Conselhos Executivos (fala-se em 90%), as afirmações deste dirigente fogem ao essencial: a má legislação e a legislatite incontinente do ME.
Recomenda-se a leitura deste post dedicado a Sua Excelência.
Sua Excelência enfadava-se com o que lhe acontecia e vivia duplamente: sobressaltado com o que tinha para fazer e aterrado com o que deixava de realizar. Era um dilema em forma circular. Tinha adquirido um tique só explicado por Lacan: dizia e repetia para consigo e para com os outros: isto não é como antigamente. Era uma espécie de oxigénio rarefeito.
O seu antecessor tinha-lhe deixado duas cartas: uma para o primeiro momento de aflição - quando tivesse de tomar uma decisão e a ignorância fosse total - e uma outra para o segundo momento de aflição - quando tivesse de tomar uma decisão e a ignorância fosse total -.
Sua Excelência, certo dia, abriu a primeira: "culpe o seu antecessor", continha o sobrescrito.
Sua Excelência, certo dia, abriu a segunda: "escreva duas cartas", continha o sobrescrito.