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Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

passos de coelho

29.10.10

 

 

 

 

 

Era bom que o actual presidente do PSD lesse a fábula da lebre e da tartaruga. Bem sabemos que o sentido de estado está pelas ruas da amargura, mas com tanta pressa arrisca-se a que lhe aconteça o mesmo que aos seus recentes antecessores. Só nos faltava mais um a defender a máxima que me levou a escrever que "sabemos que os direitos adquiridos já foram matéria nobre do direito e que hoje são apenas um arcaísmo".

 

 

Passos Coelho: «Direitos adquiridos caem no dia que for preciso»

foto finish

29.10.10

 

 

 

A maioria dos portugueses vai pagar mais impostos e ver reduzidos os seus rendimentos. Entretanto, os políticos profissionais que jogam na consola do orçamento fazem um foto finish risível. Conselho de estado versus negociações bipartidas ou acordo assinado para esvaziar a inédita declaração de um presidente após a reunião dos conselheiros estadistas. A brincadeira foi longe demais. A encenação segue com os próximos capítulos.

A Pátria

29.10.10

 

 

 

 

 

Recebido por email.

 

 

“Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, – reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta (…)

Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta ate à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados (?) na vida intima, descambam na vida publica em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira a falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na politica portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro (…)

Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do pais, e exercido ao acaso da herança, pelo primeiro que sai dum ventre, – como da roda duma lotaria.

A justiça ao arbítrio da Politica, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas;

Dois partidos (…), sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes (…) vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se amalgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, – de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar (…)”

 


Guerra Junqueiro,

A Pátria, 1896

orçamento zero

29.10.10

 

 

 

Não temos remédio. A democracia está acorrentada pela cobiça. As nossas contas públicas estão reféns de interesses gananciosos. São muitos os que vivem na estratosfera financeira. Constituiu-se uma oligarquia que se auto-premeia financeiramente ao nível do mais bem pago que o planeta conhece. Depois há toda a corrupção descarada e que tem sido denunciada.

 

A democracia portuguesa necessita de um forte abanão. Se não há vergonha, e não há, tem de haver outra coisa qualquer. Basta percorrer as notícias para abrir a boca de espanto. A lama salpica para todos os lados. Dá ideia que as vozes que se esperavam, e que não se ouvem, estão também amarradas ao que existe.

 

A notícia sobre Guimarães capital europeia da cultura 2012 deixou-me perplexo com os números financeiros. Leia com atenção. Os salários chocam. Há um antigo presidente da República - que ainda recentemente me fez escrever assim: "quando vejo dois ex-presidentes elegerem a avaliação de professores como um dos principais exemplos da coma que atingiu o país, entro no estado de "permanente" abanar de cabeça e convenço-me que não temos solução. É falência pela certa" - que preside ao Conselho Geral do evento com uma senha por reunião que é cerca de metade do salário mensal de um professor contratado. Não. Não é só o imobiliário internacional e a globalização. As tais PPP´s, e o desbaratar do dinheiro comum para benefício de assalariados do regime, levam uma fatia decisiva. E nem me falem em inveja.

 

A proposta de orçamento zero é vital e urge. Trata-se de salvar a democracia.