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Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

nunca digas nunca

17.07.10

 

 

 

 

 

No relatório de Jacques Delors, "A educação - um tesouro a descobrir", as questões do multiculturalismo e do relativismo cultural têm uma abordagem interessante e polémica.

Defende-se que o fenómeno do multiculturalismo contribuiu na europa para acentuar as bolsas de "ghetização" com todas as consequências conhecidas. Invoca-se como negativa a preservação a todo o custo das matrizes culturais de origem por parte das comunidades imigrantes que se iam "ghetizando".

O que se propõe é a ideia de interculturalidade, através da educação, para a "normalização" de costumes que assentem num valor primeiro: a liberdade entendida como impossibilidade de invasão no espaço de liberdade do outro. É também neste patamar de discussão que se coloca a questão dos "véus escolares", dos minaretes e até da "teoria da conspiração" que advoga a cobertura financeira do actual regime iraniano.

Estamos numa encruzilhada?

 

Claro que estamos. Mas só há uma solução: tolerância, muita persistência e uma corajosa atitude de não desistência. A história não deve registar um qualquer caminho de luta pela liberdade que se tenha feito só com vitórias e sem vítimas brutais e injustiçadas. É assim a natureza humana e os tempos nunca mudam tão depressa: só o afastamento histórico nos permite perceber melhor as épocas que fomos vivemos.

 

O que me fez escolher o título para este post, prende-se com a atitude de alguns herdeiros de Maio de 1968 que defendiam a liberdade sem limites e que agora se opõem à proibição do uso do vestuário que impede a identificação das pessoas. Quem advoga a proibição, pretende defender a liberdade das jovens a exemplo da proibição da mutilação genital feminina em crianças. De que lado é que está a defesa da liberdade? Quem é que afinal mudou de posição?